A produção industrial brasileira cresceu 0,9% em janeiro, em relação a dezembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira, 10. O resultado interrompe a sequência de dois meses no negativo (novembro e dezembro) e é o melhor para o mês desde 2017.
O número aponta que, no início do ano, a indústria brasileira não foi afetada pelo novo coronavírus (Covid-19), que parou indústrias principalmente da China, país epicentro da doença. Como a China exporta componentes usados na montagem de alguns produtos e teve boa parte da produção do país paralisada, há risco de algum impacto na indústria nacional, mas ainda não foi refletido por aqui.
O resultado de fevereiro, entretanto, deve ser afetado. Isso porque o pico da doença no país ocorreu em janeiro e o reflexo nas encomendas entregues para outros países foi sentida no mês seguinte. O movimento de containers chineses, por exemplo, caiu 96%. A LG deu férias coletivas aos funcionários de Taubaté no início de março por falta de componentes para montar aparelhos. Além disso, a indústria automotiva estima dificuldades para a produção no mês atual.
Na comparação entre janeiro e o mês anterior, 17 dos 26 ramos industriais pesquisados e três das quatro grandes categorias econômicas apresentaram taxas positivas. “Isso não ocorria desde abril do ano passado. Os resultados positivos ficaram concentrados em poucas áreas da indústria por oito meses seguidos em 2019”, destaca o gerente da pesquisa, André Macedo.
As principais influências positivas vieram de máquinas e equipamentos (11,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%), metalurgia (6,1%) e produtos alimentícios (1,6%), depois dos recuos registrados em dezembro. Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%) avançaram pelo terceiro mês seguido. Com isso, as categorias de bens de capital, que englobam maquinários industriais, cresceram 12,6%, e bens de consumo duráveis subiram 3,7%. Esses setores são importantes porque mostram um reaquecimento da indústria. “A categoria de bens de capital interrompeu os resultados negativos desde maio de 2019, período em que acumulou redução de 14,8%. O resultado de janeiro foi o avanço mais intenso desde junho de 2018″, afirmou Macedo.
Ainda de acordo com a pesquisa, o setor de bens intermediários (0,8%) também registrou taxa positiva em janeiro. Por outro lado, o setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis (que envolve roupas e calçados, por exemplo) teve variação negativa de 0,1% e marcou o terceiro mês seguido de queda na produção, acumulando nesse período recuo de 2,2%.