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Zé Carioca faz 80 anos e se reinventa contra o cancelamento

Criado durante a II Guerra, personagem carregava estereótipos sobre os brasileiros — mas vem mudando para se adequar aos novos tempos

Por Marcelo Canquerino Atualizado em 24 ago 2022, 13h03 - Publicado em 24 ago 2022, 11h38

No dia 24 de agosto de 1942, há 80 anos, o personagem da Disney Zé Carioca fazia sua estreia nos cinemas com a primeira exibição mundial do filme Alô Amigos, no Rio de Janeiro. Na história, o papagaio recebe Pato Donald no Brasil durante sua viagem pela América Latina e apresenta a ele culturas locais. Criado por Walt Disney em 1941, quando ele visitou o país, Zé Carioca foi composto por características que refletiam o brasileiro sob a ótica americana — uma homenagem que, apesar de bem-vinda, carregava um caminhão de estereótipos.

O contexto de criação do personagem remonta ao período da II Guerra Mundial (1939-1945). O papagaio com ares de malandro aproximou o Brasil dos Estados Unidos durante o conflito, como parte da chamada Política de Boa Vizinhança, criada pelo então presidente Franklin Roosevelt, para criar laços políticos com países da América do Sul. Uma das estratégias era unir o soft power americano às produções culturais latinas, receita seguida por Walt Disney.

Trajado com um paletó e usando chapéu, o papagaio brasileiro não gostava de trabalhar. Morava na Vila Xurupita, bairro fictício do Rio de Janeiro, em uma casinha simples. Com seu “jeitinho brasileiro”, o personagem passava o fim de semana jogando futebol, apesar de sempre estar afundado em dívidas. Seu par romântico, Rosinha, era filha de um grande magnata da parte nobre da cidade. Apesar das características duvidosas, Zé Carioca conquistou, na época, tanto os brasileiros quanto os americanos. A ideia era fazer uma imagem generalizada, principalmente em relação aos cariocas. Com o passar dos anos, porém, a personalidade e os elementos que fizeram o papagaio tão famoso passaram a ser trabalhados de forma completamente diferente.

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“O Zé não vive mais de calote, ele não dá mais golpes. Até mesmo essa questão de ele não gostar de trabalhar e a malandragem. É algo feito de forma muito sutil. Mas nós não fazemos aquelas coisas mais pesadas de antigamente. Hoje em dia, nem pensar”, contou Gerson Borlotti, roteirista de mais de 500 histórias do personagem, em entrevista a VEJA. Para além de representar, de maneira caricata, os cariocas, a personalidade do papagaio foi expandida com o intuito de abranger o Brasil de forma mais geral.

Atualmente, características como bom humor, hospitalidade e alto-astral são mais destacadas nas histórias do personagem. “Tentamos trazê-lo mais para a modernidade. Agora estamos criando histórias do jovem Zé, antes de ele ser conhecido, justamente para ajeitar esse lance da malandragem. Vamos adaptando conforme o tempo”, explicou Moacir Rodrigues, desenhista de quase 300 histórias do Zé Carioca. Seja nos filmes produzidos durante a II Guerra, como o clássico Você Já Foi a Bahia?, seja nas diversas histórias em quadrinhos protagonizadas pelo pássaro, o personagem da Disney ainda funciona como uma visão de fora — como um garoto-propaganda do país: ou melhor, um octogenário que ainda é puro suco brasileiro.

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