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‘Pequeno Segredo’ emociona, mas dificilmente chegará ao Oscar

Filme lança mão de uma boa história real para falar sobre família e morte, mas peca por falta de originalidade

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 set 2016, 14h32 - Publicado em 24 set 2016, 14h32

Em momentos de crise política, quem não é Aquarius será criticado – ou elogiado, dependendo da posição ocupada na guerra dos extremos. O pensamento é uma bobagem que fez Pequeno Segredo nascer prematuro e controverso, muito antes de sua estreia – o filme atualmente é exibido em lançamento limitado para cumprir uma regra de elegibilidade do Oscar, a estreia nacional está prevista para novembro.

Para quem não acompanhou a polêmica, o filme dirigido por David Schurmann foi o selecionado pelo Ministério da Cultura para representar o Brasil na corrida por uma almejada vaga na categoria de filme estrangeiro da premiação hollywoodiana. O favorito, Aquarius, foi preterido e seu diretor, Kleber Mendonça Filho, acredita que a decisão foi política. Se foi ou não, difícil saber. Mas dá para apostar que foi uma escolha equivocada.

Aquarius é mais original e bem filmado que Pequeno Segredo. Contudo, o filme de Schurmann tem seu charme. Ele erra na mão com o uso de alguns clichês melodramáticos, mas oferece uma estrutura narrativa bem esquematizada e uma história real que emociona, daquelas que a ficção não poderia produzir. Os mais sensíveis, podem esperar por lágrimas.

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A trama é inspirada no livro Pequeno Segredo – A Lição de Vida de Kat para a Família Schurmann (HarperCollins), escrito por Heloisa Schurmann, matriarca da família de velejadores. Em uma de suas viagens à Nova Zelândia, Heloisa (vivida por Julia Lemmertz) e sua família conhecem o casal formado pelo neozelandês Robert (Erroll Shand) e a amazonense Jeanne (Maria Flor). Anos depois, a rápida amizade dos dois núcleos resultará na adoção de menina Kat (Mariana Goulart) pelos Schurmann, quando Robert e Jeanne ficam doentes.

Dividido em três braços, o roteiro se desenrola mesclando a relação de Kat com os Schurmann, com o romance de Robert e Jeanne e a resistência da família neozelandesa, encabeçada pela atriz Fionnula Flanagan (de Lost e Os Outros), que não aceita o casamento do filho com uma brasileira. Ambientados em períodos de tempos distintos, os núcleos se conectam no ritmo dos acontecimentos, formando uma estrutura narrativa organizada, sem pontas soltas.

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Os ingredientes são bons, mas Schurmann mostra falta de personalidade e músculos para fazer de Pequeno Segredo um grande filme. A estética americanizada, a trilha sonora excessiva e os clichês típicos de uma sessão da tarde enfraquecem a produção. A direção dos atores também deixa a desejar.

Tais escolhas artísticas podem ser estranhamente confundidas com o rótulo “filme de Oscar”. Mas a Academia de Hollywood não é assim tão previsível. Prova disso são os últimos vencedores da categoria principal, Spotlight, em 2016, e Birdman, em 2015, que fogem do padrão melodrama para chorar. O mesmo na categoria de filme estrangeiro, em que os ousados O Filho de Saul (Hungria) e Ida (Polônia) foram os vencedores nas duas ultimas edições.

Originalidade é importante para o Oscar, e principalmente para o cinema como um todo. Schurmann, já velho de guerra quando o assunto é filmar documentários sobre sua família, tem potencial, mas precisa sair da zona de conforto criada pelo sobrenome.

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