Um ano e meio depois de fechar as cortinas pela última vez, os shows mais badalados da Broadway voltaram a receber o público nesta terça-feira, 14, em um retorno marcado por salva de palmas eufóricas e otimismo em relação ao futuro. A noite trouxe de volta aos palcos os sucessos Wicked, O Rei Leão, Hamilton e Chicago, além do novo espetáculo Lackawanna Blues, e contou com a presença de veteranos como Kristin Chenoweth, que deu vida à Glinda — a bruxa boa — na apresentação original de Wicked, em 2003.
Usando saltos altos com lantejoulas vermelhas, Chenoweth bateu os calcanhares três vezes e se dirigiu à multidão com a famosa frase de Mágico de Oz: “Não há lugar como o nosso lar,” arrancando dos presentes uma salva de palmas barulhenta. No Richard Rodgers Theatre, horas antes da abertura de Hamilton, o criador Lin-Manuel Miranda surpreendeu o público que aguardava a abertura dos portões do lado de fora ao aparecer com um megafone para entoar trechos de canções do musical.
Na semana anterior ao fechamento da Broadway, Hamilton arrecadou 2,7 milhões de dólares com uma audiência de mais de 10.700 pessoas, ocupando o posto de maior bilheteria da indústria quando a pandemia se instaurou no mundo e forçou todo o complexo a apagar as luzes indefinidamente. “Nunca mais quero tomar o teatro ao vivo como algo garantido”, disse Miranda durante o discurso de abertura do espetáculo, enquanto era ovacionado pelo público.
Em O Rei Leão, o discurso pré-show ficou sob a responsabilidade da diretora Julie Taymor, que aproveitou o momento para agradecer a coragem dos presentes e relembrar a importância da Broadway para a cidade. “Quero aplaudir este público por estar aqui. Vocês têm o desejo, o entusiasmo e a coragem para liderar o caminho. Porque, como sabemos, o teatro em Nova York é a força vital e a alma da cidade.”
@Lin_Manuel welcomes back #Hamilton audience at the mega-hit’s first #Broadway performance in 18 months. The crowd went wild!! (The first of many times!) #broadwayisback !! @CBSNewYork pic.twitter.com/zHhURlL97Q
— Dana Tyler (@DanaTylerTV) September 15, 2021
Mais do que o espírito novaiorquino, a Broadway é, também, um dos grandes pilares da economia da cidade, que recebe anualmente uma multidão de turistas interessados nos espetáculos teatrais. Antes da pandemia, a Broadway injetou nos cofres da cidade cerca de 14,7 bilhões de dólares, que foram praticamente limados pelo fechamento no ano passado, causando demissões em massa entre artistas e prejuízos em setores secundários, ligados ao turismo.
Em abril, o teatro St. James Theatre foi o primeiro a reabrir as portas com uma apresentação de Nathan Lane e Savion Glover, vencedores do Tony Awards, o “Oscar” do teatro. O espetáculo deu início a um programa de testes para determinar modelos para o retorno. Já em julho, o musical biográfico do roqueiro Bruce Springsteen foi o primeiro do gênero a retornar aos palcos da Broadway desde o fechamento no início de março de 2020. Agora, com o retorno dos shows mais populares, a esperança é que o futuro seja mais brilhante para o setor, que busca se adaptar aos novos protocolos, que incluem o uso de máscaras e vacinação obrigatória.
Segundo a Variety, até o fim do mês, oito produções estão agendadas para voltarem aos palcos, seguidas por mais doze em outubro e seis em novembro. Ainda há certa preocupação com a variante Delta e a resistência à vacinação, que tem feito os números de casos voltarem a subir no país, mas o clima parece ser de otimismo.