Nas últimas semanas, o rapper Kanye West (que mudou recentemente seu nome apenas para Ye) enfileirou uma série de declarações e comportamentos polêmicos, com direito a comentários antissemitas e mensagens supremacistas brancas. Como consequência – ele pode perder parceiros de negócios e até fãs – Ye teve alguns de seus posts considerados preconceituosos nas redes removidos pelo Instagram e pelo Twitter.
Inconformado com a reação das empresas, o rapper anunciou nesta segunda-feira, 17, que vai comprar a rede Parler. De acordo com um comunicado da empresa, o negócio deverá ser concluído até o quarto trimestre de 2022. O valor da compra não foi revelado. No comunicado, a Parler afirmou que Ye fez “uma mudança inovadora no espaço da mídia de liberdade de expressão e nunca terá que temer ser removido das mídias sociais novamente”.
A Parler (que significa “falar” em francês) também acumula polêmicas. Criada em 2018 pelo programador americano John Matze. A rede ganhou usuários, especialmente da extrema-direita, com a promessa de não apagarem nenhum conteúdo, oferecendo exatamente o que o público buscava: liberdade para escrever o que bem entenderem. Como consequência, fake news, conteúdos extremistas e negacionistas começaram a pipocar por lá.
Por manter um diretriz sem moderação, no início do ano, o aplicativo foi removido das lojas da Apple e do Google. A Amazon também cancelou o serviço de nuvem da Parler. O app voltou às lojas após fazer mudanças em suas diretrizes de moderação de conteúdo. A Parler, no entanto, afirmou que ganhou mais de 1 milhão de usuários depois que o Twitter baniu o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sua rede. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, também já convocou seus seguidores para a Parler. O filho do presidente, Flávio Bolsonaro, anunciou a criação de sua conta no Parler pelo próprio Twitter: “Siga-me no Parler, a rede social que tem como prioridade a liberdade de expressão”, tuitou o Zero 1, ao comandar a revoada conservadora.
A rede foi feita inspirada no modelo do Twitter e do Facebook, mas seus fundadores gostam de se gabar dizendo que por lá não há censura e a liberdade de expressão é livre de verdade. A rede, no entanto, tem basicamente usuários que se identificam com a direita conservadora.