O ministro das Relações Exteriores do Irã negou nessa segunda-feira, 15, que o país tenha qualquer envolvimento com o atentado contra o escritor Salman Rushdie, esfaqueado em Nova York na última sexta-feira, 12, e acusou o escritor e “seus apoiadores” de serem “os únicos culpados” pelo ataque. “Ao insultar questões sagradas para o islã e cruzar a linha vermelha de mais de 1,5 bilhão de muçulmanos e seguidores das religiões divinas, Salman Rushdie se expôs à raiva e à fúria do povo”, disse a porta-voz do político em uma coletiva de imprensa em Tehran.
Jurado de morte pelo livro Os Versos Satânicos, tido como uma blasfêmia ao Islã, o autor passou nove anos na clandestinidade, depois que a obra de 1989 lhe rendeu uma sentença de morte (fatwa) proferida pelo aiatolá Khomeini, então líder do Irã. Em entrevista nesta segunda, a porta-voz Nasser Kanaani disse que a liberdade de expressão não justifica os “insultos de Rushdie à religião em sua escrita” e que “ninguém tem o direito de acusar A Republica Islâmica do Irã”. Ela também afirmou que o país não tem nenhuma informação sobre o ataque além das que foram divulgadas pela imprensa.
De acordo com relatos de testemunhas, um homem mascarado correu para o palco quando Rushdie estava prestes a começar uma palestra, na Chautauqua Institution, desferindo uma série de facadas no escritor. Mais tarde, a polícia de Nova York divulgou o nome do suspeito: Hadi Matar, um jovem de 24 anos de Nova Jersey. O agressor conseguiu acesso ao local onde o autor iria dar a palestra, mas estaria agindo sozinho, e ainda não há indicativo da motivação por trás do ataque, disseram as autoridades.
O autor de 75 anos sofreu danos no fígado e nos nervos de um braço e de um olho e provavelmente perderá o olho ferido, mas está “no da caminho da recuperação”, informou o seu agente no domingo. No sábado, foi extubado e conseguia falar de forma limitada, chegando a brincar com a equipe médica.