Salman Rushdie conta detalhes cômicos dos anos que viveu escondido
O autor provocou risos na plateia do festival internacional literário de Edinburgh, na Inglaterra, neste sábado
O escritor anglo-indiano Salman Rushdie utilizou um tom cômico para contar detalhes dos noves anos que passou na clandestinidade por causa de Versos Satânicos, romance que, em 1989, lhe rendeu uma sentença de morte (fatwa) proferida pelo aiatolá Khomeini, do Irã.
As passagens pitorescas foram contadas pelo autor durante participação do festival internacional literário de Endimburgo, na Inglaterra, neste sábado. Ele provocou risos na plateia ao lembrar a forma bizarra como terminou um simples jantar na casa do seu amigo, o romancista Hanif Kureishi, em Londres. “Já estava no carro quando o vi correndo pela rua com uma arma na mão e gritando ao policial da minha escolta particular: ‘Olha, você esqueceu sua pistola'”, contou o autor segundo reportagem do jornal britânico The Guardian
Outro compromisso trivial, um almoço na área rural de Ayrshire, nos arredores de Londres, rendeu mais uma passagem cômica. Rushdie contou que a localização do evento provocou um impasse entre as policias britânica e escocesa sobre qual deveria se responsabilizar pela segurança do escritor. “Na dúvida, as duas instituições mandaram efetivos, o que causou uma espécie de convenção de policiais desproporcional ao ambiente calmo e bucólico de Ayrshire.”
O autor foi convidado a falar sobre a autobiografia Joseph Anton, intitulada com o pseudônimo usado por ele para fugir do regime islâmico. Hoje, Rushdie vive a maior parte do tempo em Nova York. O Irã assegurou em 1998 que a fatwa não seria aplicada. Mas o sucessor de Khomeini declarou em 2005 que Rushdie era um apóstata e que poderia ser morto impunemente.