A estátua do traficante de escravos Edward Colston, jogada rio abaixo em Bristol, na Inglaterra ano passado, será exposta no M Shed, um museu local. Quase um ano depois do simbólico e polêmico gesto antirracista, ocorrido na esteira do assassinato de George Floyd e à luz do movimento Black Lives Matter, o monumento virá acompanhado de uma pesquisa de opinião, que deve indicar o que a população britânica quer que seja feito com ele ao final da mostra.
“O dia 7 de junho de 2020 foi, sem dúvidas, uma data significativa na história de Bristol e teve um profundo impacto não só em nossa cidade, mas ao redor do país e do mundo”, disse o prefeito Marvin Rees, que descreveu a derrocada da estátua como um “peça de uma poesia histórica”. “A mostra A Estátua de Colston: E agora? é uma exposição temporária que objetiva começar uma conversa sobre a nossa história.”
O monumento de Edward Colston deve ser colocado ao lado de uma seleção de cartazes do Black Lives Matter, vindos de protestos do ano passado em Bristol, e de uma linha do tempo com os principais acontecimentos. Depois de recuperada do rio, a estátua foi limpa por uma equipe de conservação do M Shed e teve os grafites conservados. Um pneu de bicicleta, que saiu da água junto com ela, também estará exposto. A mostra, que ficará em cartaz entre 4 de junho e 5 de setembro, terá uma versão on-line com a pesquisa de opinião no site do museu.
“O futuro da estátua deve ser decidido pelo povo de Bristol, então peço para que todos aproveitem a oportunidade para compartilhar suas visões e nos ajudar a tomar futuras decisões com base nesta pesquisa”, acrescentou o prefeito. Todas as respostas serão arquivadas e disponibilizadas publicamente, como recurso de estudo acadêmico.
Arrancado de seu pedestal, pichado com tinta spray e jogado ao fundo do Rio Avon, Edward Colston, quando era de carne e osso, foi um famoso comerciante de escravos britânico. Tido como um “benfeitor da cidade” por parte da comunidade branca de Bristol, ele também foi membro do Parlamento inglês e financiou a construção de escolas, igrejas e hospitais, tanto na cidade local, quanto em Londres – um dos motivos pelo qual seu nome estampa tantas instituições, de escolas públicas a avenidas inglesas. “Essa mostra não é uma exibição compreensiva sobre Colston ou tráfico transatlântico de escravos, mas um ponto de partida para que discutamos nossa história conjunta”, disse Tim Cole, presidente da Comissão Nós Somos A História de Bristol, criada em setembro para discutir o futuro da estátua, e professor de história social na Universidade de Bristol.