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‘Bourdain nos inspirou a viajar’, diz autora de livro póstumo do chef

Laurie Woolever conta a VEJA sobre como foi finalizar 'Volta ao Mundo: Um Guia Irreverente' após a morte do apresentador e amigo de longa data

Por Amanda Capuano Atualizado em 29 out 2021, 18h50 - Publicado em 29 out 2021, 18h34

Em 2018, o mundo perdeu o badalado chef e apresentador Anthony Bourdain, aos 61 anos. Famoso por programas de televisão como A Cook’s Tour, No Reservation e The Layover, Bourdain rodava o mundo em busca de quitutes saborosos e apresentava, de maneira descontraída, a cultura de centenas de destinos ao redor do globo. Quase três anos depois de sua partida, vítima de um suicídio, seu último projeto — o livro Volta Ao Mundo: Um Guia Irreverente, chegou ao Brasil nessa quinta-feira, 28, publicado pela editora Intrínseca. Anthony começou a esquematizar a obra em 2017, junto com a amiga Laurie Woolever, mas não chegou a concluí-la. Com o choque da morte repentina do parceiro de empreitada, Laurie se debruçou sobre centenas de gravações de programas e roteiros de Bourdain para tirar o livro do papel.

Dividido em capítulos curtos, cada um representando um local visitado por Bourdain, o livro é uma viagem deliciosa pelas impressões do apresentador, que fornece aos leitores dicas de gastronomia, transporte e curiosidades culturais dos locais. Em entrevista a VEJA, Laurie, que conviveu com Anthony por mais de 15 anos, contou que seguir com o livro mesmo após a morte do amigo foi uma forma de honrar a memória dele, além de lidar com o próprio luto. Ela também revelou que o apresentador não era sempre solar e desinibido, como aparecia nos programas, mas alguém tímido e introspectivo. Confira a conversa:

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Laurie Woolever, coautora de Volta Ao Mundo: Um Guia Irreverente de Anthony Bourdain (Intrínseca/Divulgação)

Anthony te convidou para escrever Volta ao Mundo, mas infelizmente morreu antes que tirar o projeto do papel. Por que decidiu seguir com uma ideia? Nós começamos a desenvolver a ideia juntos, tivemos algumas reuniões e estávamos trabalhando em equipe quando ele morreu. Eu senti que o processo já estava iniciado, as ideias estavam ali e era uma forma de honrar o seu legado e compartilhar com o mundo, e com os seus fãs, alguns dos melhores trabalhos que ele realizou enquanto estava na televisão.

Você usa descrições do próprio Anthony no livro, como foi o processo de escrita?
Eu me debrucei sobre centenas, talvez milhares, de horas de material gravado dos programas. Usei todas as citações de Bourdain de coisas que ele disse enquanto estava viajando na televisão ou que ele escreveu nos rascunhos de viagem. Eu sou grata de ter tido acesso a tudo isso e permissão para usar esse material. Foi emocionalmente difícil me debruçar sobre tudo isso logo após a morte dele, mas foi uma parte importante do meu luto. Por mais doloroso que tenha sido me sentar com a memória deste homem, acho que seria pior se eu simplesmente tivesse que encontrar outro emprego e arrumar outra coisa para escrever de repente.

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O mundo conhece Anthony da televisão, mas você era uma amiga de décadas. Como ele era  na vida privada? Acho que as pessoas ficariam surpresas em saber como ele podia ser tímido e introspectivo, e até bastante deslocado socialmente, de uma forma que não transparece na televisão. Nas telas você vê a confiança, o humor e o carisma. Ele tinha tudo isso de forma genuína, mas havia um lado dele muito diferente e às vezes muito inseguro. Era algo que o tornava muito humano, mas não é uma imagem atraente para a televisão.

Qual o legado de Anthony Bourdain? É um legado complexo e muito grande, mas acho que ele inspirou as pessoas a viajarem de uma forma diferente, especialmente os americanos. Os Estados Unidos são um ótimo lugar, mas não é o centro do mundo. Uma das melhores partes de viajar é aprender como as pessoas são diferentes de nós, e também o quanto elas são iguais, para que possamos quebrar medos e preconceitos, e ele ensinou os americanos a viajarem melhor. Mas seu impacto foi além dos Estados Unidos, é o legado de alguém que se sentia confortável em reconhecer que não sabia de tudo e sentava para ouvir a todos, sem agir como se já tivesse todas as respostas.

O livro tem um capítulo dedicado ao Brasil, ele costumava falar daqui? Ele adorava o Brasil. Quando estávamos planejando o livro ele se mostrou muito entusiasmado por certos lugares que eram quase obrigatórios e o Brasil era um desses lugares. Eu acho que ele visitou o Brasil quatro ou cinco vezes para a televisão, e queria voltar outras vezes. Ele se sentia relaxado aí, amava a comida e o estilo de vida. Ele sempre se sentiu muito bem vindo porque os brasileiros têm uma filosofia que ressoava com a dele. Ele sentia que as pessoas por aí sabem como aproveitar a vida. São trabalhadores, inteligentes, esforçados, mas também capazes de se desligar de tudo e voltar as atenções para o simples prazer de estar vivo.

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