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Vinícola do Sul lança vinho em garrafa de cerâmica em formato de ânfora

A brasileira Cárdenas desenvolveu um modelo próprio, que chega agora ao mercado, com dois vinhos produzidos no terroir da Serra do Sudeste, no RS

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2023, 17h18 - Publicado em 22 ago 2023, 17h16

Durante a pandemia, o mercado do vinho foi afetado pela escassez de garrafas de vidro. Com fábricas paradas e países inteiros com fronteiras fechadas, o valor das caixas de garrafas e do frete dispararam. Muitas vinícolas pequenas ficaram sem ter como engarrafar seus vinhos em um momento em que o consumo aumentou. A situação demorou para se normalizar e até meados de 2022 o aumento dos preços e a falta de matéria-prima ainda afetavam alguns segmentos.

Uma das vinícolas afetadas por esse dilema foi a brasileira Cárdenas. Pequena vinícola boutique do município de Mariana Pimentel, na Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul, teve dificuldades em conseguir garrafas. “Em pleno inverno, não consegui lançar novos produtos. E isso teve um impacto direto no faturamento”, conta Renato Cárdenas, fundador da vinícola. Foi assim que o engenheiro de formação decidiu projetar uma alternativa às garrafas de vidro. Pensou em alumínio e inox, mas o alto investimento inicial não compensava. Foi então que pensou nas tradicionais ânforas. “Achei que a cerâmica pudesse ser uma opção”, diz.

As ânforas são usadas na fabricação, armazenamento e transporte do vinho há milhares de anos. A prática é conhecida ao menos desde a época dos romanos, e foi – e ainda é – muito utilizada por produtores da Geórgia. Com o surgimento dos barris de carvalho e, posteriormente, dos tanques de inox, as ânforas caíram em desuso. Nos últimos anos, voltaram a ser usadas por produtores mais aventureiros, interessados em explorar novos sabores e recuperar saberes ancestrais.

A partir dessa inspiração, Renato Cárdenas e a designer Mirtes Aline Aragón Almanza, brasileira que mora na França, testaram diversos formatos até chegar ao produto final. “Primeiro, pensamos em um ovo, mas percebemos que o público poderia ficar confuso com o tamanho”, conta Cárdenas. Embora comportasse 750 ml de vinho como as garrafas padrão de vidro, o recipente era muito menor. E o serviço era complicado, propenso a acidentes. “Foi assim que pensamos em uma alça, que facilitaria o serviço”.

Vinhos são produzidos em vinhedos da Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul -
Vinhos são produzidos em vinhedos da Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul – (Cárdenas/Divulgação)

O resultado final é uma garrafa de cerâmica que tem formato oval e uma alça. São duas cores, branca e preta, cada uma com um vinho distinto dentro. Como nas antigas ânforas, o vinho deve evoluir dentro delas. “Como é um produto muito novo, ainda não sabemos como será essa evolução, mas ela com certeza será diferente daquela que aconteceria em uma garrafa de vidro”, afirma Cárdenas. As garrafas têm 750 gramas, mesmo peso do vinho. O resultado, portanto, é um produto de 1,5 kg. “Essa mesma proporção é importante para manter o isolamento térmico”, conta. Ele espera que a ânfora seja reaproveitada pelos consumidores, em vez de ser simplesmente descartada, como acontece com as garrafas tradicionais, de vidro.

Foram escolhidos dois vinhos que passaram por um longo processo de guarda antes de serem engarrafados nas duas ânforas. O primeiro é um Merlot 2016, e o segundo, um Tannat 2017. Após a fermentação, feita com leveduras selecionadas, ambos passam seis meses em barricas de carvalho francês (a maior parte) e americano, de segundo e terceiro usos, por seis meses, e depois ficam em tanques até o momento do engarrafamento. “Escolhemos esses dois pois são boas representações do nosso terroir. Os vinhedos ficam uma área de solo granítico, com influência oceânica e uma amplitude térmica que garante a acidez e os sabores de fruta de muita qualidade”. Segundo o produtor, ambos estão prontos para serem bebidos.

Há planos de expandir o portfólio dos vinhos de ânfora. O próximo será um blend, vendido em uma garrafa na cor azul real. Cárdenas conta ainda que vai instalar ânforas grandes, de mil e dois mil litros, para que todo o processo de produção seja feito em tanques de cerâmica. Segundo ele, será uma vinificação em pequena escala.

O lançamento oficial acontece nesta quinta, 24 de agosto. Cada garrafa custará R$ 625, mas será vendida inicialmente pelo preço promocional de R$ 499.

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