Uma das letras de samba-enredo mais animadas para o próximo carnaval, que tem Marcelo Adnet entre os compositores, canta: “Meu caju, meu cajueiro / Pede um cheiro que eu dou/ O puro suco do fruto do meu amor / É sensual, esse delírio febril / A Mocidade é a cara do Brasil”. Se vai ser enredo de escola de samba, no caso da Mocidade Independente de Padre Miguel, então também vai ser badalado no pré-carnaval que se avizinha com temperaturas altíssimas. Só por isso o caju, típica fruta nacional, já poderia ser considerado o símbolo do verão. Mas a tendência não se restringe ao samba. Depois de uma propaganda repleta de erros, em que Grazi Massafera foi motivo de polêmicas ao apreciar a fruta de forma errônea, o caju voltou a estar na boca (e no paladar) do povo – sem falar da sua castanha, que serve a doces e salgados.
A propósito: a produção da fruta em 2023 está estimada em 121,9 mil toneladas, redução de 17,1% na comparação com o ano anterior. Após redução da quantidade exportada em março e abril, houve aumento de 67,3% em maio na comparação com o mês anterior e de 22,9% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A seguir, confira as novidades que a coluna sugere a respeito do caju:
– No restaurante Elena (Rua Pacheco Leão, 758, Jardim Botânico, RJ), o mixologista Alex Mesquita prepara o coquetel Cajueiro (40 reais), uma ode ao cerrado e a caatinga. Xarope artesanal de caju, sucos de abacaxi e maracujá sem adição de açúcar, cachaça branca, cereja e folha verde compõem a bebida que está entre as campeãs de vendas da casa. Como se não bastasse, o ambiente tem curadoria cultural de Batman Zavareze, com exibição de filmes e videoarte, além de exposição de trabalhos artísticos.
– Novo drinque da Adega Santiago, o Julep Ibérico (40 reais) é exclusivo da unidade do Rio, no Village Mall (Av. das Américas, 3900, 2º piso, Barra da Tijuca, RJ). Trata-se de um dos coquetéis mais antigos do mundo e está na carta por resgatar este clássico da coquetelaria. Na versão carioca, a base é um produto ibérico, vinho do porto branco seco com um representante genuinamente brasileiro, o especial de caju com cumaru (artesanal), semente brasileira considerada a baunilha da Amazônia, além de hortelã e angustura. A bebida é levemente ácida, servida com canudo de talo de trigo, produto sustentável, o que reflete preocupação com o meio ambiente.
– No bairro do lado, em Ipanema, Cristiano Lanna brilha no capítulo das bebidas com drinques exclusivos e uma carta de cachaças de oito renomados alambiques no restaurante Maria e o Boi (Rua Maria Quitéria, 111, 1º andar, RJ). Destaque para duas opções com caju, entre os drinques autorais: o Dengosa, com espumante, caju e Gabriela (33 reais); e o Caju Amigo, com cachaça, vodca, suco de caju, limão e doce de caju do Piauí (34 reais). Pensa que é só? No D’amici Ristorante (Rua Antônio Vieira, 18, Leme), há o Cashew Nut Gin (52 reais), feito a partir de gin, limocello, limão, sumo de tangerina e caju em cubos. No Yujo (Rua Aléssio Venturi, s/n – Barra da Tijuca), o mais saído é o Gin kashū (52 reais), à base de gin, caju, limão siciliano e xarope de gengibre. E no Fare Trattoria e Pizzaria (Rua Marquês de São Vicente, 52, loja 173, Gávea), o drink da estação é a Caipi Caju (29,90 reais), feita de cachaça, caju, limão siciliano e melaço de rapadura. E a dica que vem de São Paulo é o bar Drunks (R. Bandeira Paulista, 520, Itaim, SP), que serve o Sou do Sertão (48 reais), drink com gin e infusão de caju, soda de cajuína e tintura adstringente de limão galego. Ideal para enfrentar as altas temperaturas.
– E o caju foi parar até na tradicional cerveja. O Grupo Irajá e a cervejaria Hocus Pocus uniram forças para criar uma série de produtos exclusivos destinados a seus estabelecimentos cariocas (Boteco Rainha, Irajá Redux, Boteco Princesa e Bastarda Pizza). A parceria exemplifica como a cerveja pode desempenhar papel em destaque na gastronomia. Entre as variedades de cerveja Lager, a aposta da vez é a que tem caju na fórmula, com um teor alcoólico leve, de 4,5%. A versão destaca-se pela adição dessa fruta, que se sobressai nos aromas, conferindo à bebida uma personalidade ainda mais marcante. “A Já Lager com Caju é uma lager que leva a fruta que mais dá personalidade para uma cerveja sem tirar a facilidade de beber: o caju. Extremamente leves e refrescantes, foi criada para ser capaz de complementar todos os pratos criados pelo chef Pedro Artagão”, diz Pedro Butelli, sócio-fundador da Hocus Pocus.
Mas nem só de álcool vivem os amantes do caju neste verão. No Marine, restaurante do hotel Fairmont (Av. Atlântica, 4240 – Copacabana), a fruta serve de inspiração para a sobremesa Caju-ganache (65 reais). Ela chega à mesa num bowl cheio de cajus, sendo que um é fake, tratando-se de ganache de chocolate branco. O gelo seco dá o ar de espetáculo para as fotos que têm feito sucesso nas redes sociais. Outra dica de sobremesa é do Sorvete Brasil com sabor de Caju (1 bola, 23 reais; 2 bolas, 39 reais; 700ml,105 reais; e 1300ml, 65 reais). A rede carioca oferece cardápio com sabores clássicos com frutas tropicais, 0% lactose, 0% açúcar e até combinações exóticas. Entre as lojas físicas, uma das apostas é a da charmosa Búzios (Av. José Bento Ribeiro Dantas – Porto da Barra Manguinhos – Búzios – RJ).
Já na Casa Ueda (Rua Staden 10 – Botafogo) o verão ganha refresco especial com ostras de Santa Catarina. Uma das sugestões leva, advinha, caju. As ostras são servidas no ponzu de caju, finalizadas com pimenta dedo de moça e nabo ralado (35 reais, a porção). E não é só. A moda também aderiu à cajuína. A Farm Rio apresenta a blusa feminina estampada Caju Céu (199 reais), com decote de recorte no busto e alças de tiras com acabamento de elástico largo. E a Reserva traz a camisa masculina Cajueiro Glow (159 reais). Como diz o samba, o caju é a cara do Brasil.