Na parte de trás de um carro da Vigário Geral, escola do grupo da Série Ouro do Rio, uma senhora pulava e cantava o samba de forma frenética na noite de sexta-feira, 17 (veja o vídeo abaixo). No abre-alas da Estácio de Sá, um grupo de idosos, de peitos estufados, orgulhosos em seus trajes de gala, se emocionava com mais uma passagem que realizava pela avenida. Em que outro lugar da sociedade os idosos – em sua maioria negros – têm tanto destaque, são aplaudidos e reverenciados, a não ser numa escola de samba?
Ao se assistir a uma apresentação de uma agremiação percebe-se o lugar que eles ocupam – geralmente no alto das alegorias que abrem ou encerram os desfiles. Estão sempre muito bem vestidos e sorrindo à toa. A resposta do público é imediata. Aplaude-se com entusiasmo. Essa felicidade traduz o combate ao etarismo que os desfiles de carnaval promovem sem nem se dar conta. É na Sapucaí (e no Anhembi) que os integrantes da velha guarda dão aula. Mostram que a velhice também é da festa – e a festa só existe porque eles até ali chegaram. As escolas de samba gritam para o mundo que os idosos devem e merecem seus aplausos. A festa que chacoalha a realidade ensina como a inclusão se dá na prática. É a tradição que garante o futuro.