Não há aroma mais irresistível na política do que a proximidade do poder.
A vantagem de 21 pontos percentuais de Lula da Silva sobre Jair Bolsonaro na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 26, vai acelerar as negociações mais relevantes da campanha do PT:
· Convencer o ex-governador Márcio França a desistir da candidatura a governador, apoiar Fernando Haddad e disputar o Senado com Sergio Moro. Não há conversa de Lula nos últimos dez dias que ele não cite a necessidade de unir o palanque em São Paulo, prometendo “fazer tudo o que for do meu alcance” para que França seja eleito senador;
· Conseguir o apoio nacional do Avante, o partido do deputado André Janones. Talentoso nas redes sociais, Janones tem 2% nas intenções de voto.
· Acertar de vez o palanque no Rio, com Marcelo Freixo (PSB) como candidato a governador com apoio do PT. Lula ainda imagina possível convencer o prefeito do Rio, Eduardo Paes, do PSD, indicar o candidato a vice ou senador, embora ninguém no Estado do Rio acredite neste acordo. Se Paes recusar, o candidato a senador será o deputado estadual petista André Ceciliano. O único ponto pacífico é que o deputado federal Alexandre Molon, do PSB, não será candidato na chapa majoritária.
· Tentar um acordo com o PSD de Gilberto Kassab ainda no primeiro turno. As chapas do partido no Sul e Centro-Oeste são bolsonaristas, mas Lula acredita que se mantiver o favoritismo pode obter um acordo pelo qual o partido o apoiaria liberando os descontentes.
· Impor de vez o apoio do PT ao candidato do PSB a governador de Pernambuco, Danilo Cabral, que pontua mal nas pesquisas. A líder é a ex-petista Marília Arraes, agora no Solidariedade, mas a força do PSB pernambucano na direção nacional obriga uma disciplina do PT a favor do acordo.
· O único Estado que Lula considera um caso perdido é o Rio Grande do Sul, no qual o candidato do PSB, Beto Albuquerque, e o do PT, Edegar Pretto, têm relações ruins. Lula vai a Porto Alegre e Caxias do Sul na semana que vem, a primeira agenda conjunta com o seu vice, Geraldo Alckmin.
Com possibilidade de vitória no primeiro turno, Lula acredita que terá maior poder de convencimento sobre o PT e os aliados para montar as chapas nos estados.