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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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Jô Soares foi erudito que brindou brasileiro com humor inteligente

Apresentador, ator, comediante e escritor, Jô foi um marco da TV brasileira ao produzir conteúdo ácido, culto e acessível

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 ago 2022, 13h27 - Publicado em 5 ago 2022, 11h59

Quando questionada sobre as razões que a levaram a se apaixonar por Jô Soares, a atriz Claudia Raia afirmou que o apresentador, com quem teve um relacionamento em 1983, fora o primeiro homem inteligente que ela conheceu na vida. Não era exagero nem ingenuidade da atriz, que na época tinha 17 anos. Jô foi, sem dúvida, um intelectual exuberante. Era comum, aliás, que seu QI altíssimo fosse elogiado em público. Mas o ator, apresentador e escritor destoava do tipo culto arrogante e tinha uma qualidade rara aos eruditos: Jô era dono de uma sensibilidade brilhante e estava sempre pronto a aprender mais com todos ao seu redor.

Essa inteligência, aliada à gentileza sem limites, mudaram a história da televisão brasileira. Em meio a uma programação feita de novelas românticas e programas de auditório pueris, Jô ofereceu ao espectador o pensamento crítico. A começar por seu humor ácido e político em plena ditadura militar, atuando como roteirista nos anos 60 até estourar como um comediante incontornável da cultura popular nas décadas de 70 e 80. Na peça teatral Viva o Gordo e Abaixo o Regime!, Jô fazia críticas veladas à ditadura – estilo que depois foi adaptado para o programa de TV Viva o Gordo. Com o engatinhar da democracia, ele reforçou o roteiro de suas tiradas com personagens satíricos que alfinetavam da direita à esquerda.

Foi em 1988 que o comediante se estabeleceu como o grande condutor de entrevistas do país, no SBT, com o talk show Jô Soares Onze e Meia. O programa que ia ao ar no horário do título foi o primeiro do tipo no Brasil a adotar o formato já consagrado na televisão americana. Ali, Jô expôs, com liberdade, todo seu carisma e raciocínio rápido, enquanto misturava convidados que iam de jogadores de futebol, atores e atrizes, cantores, entre outros nomes populares, com intelectuais graúdos, de pesquisadores acadêmicos, políticos, escritores e cientistas, passando também por anônimos curiosos com boas histórias para contar. O truque para colocar todos no mesmo balaio era o modo simples e didático com o qual Jô os tratava. Sem subestimar o entrevistado, ou ironizá-lo, o apresentador aceitava o papel de “escada”, termo usado na atuação para um coadjuvante elevar o protagonista. Ele ria de si, aceitava brincadeiras e entrava na onda de seus convidados. Fazia com que especialistas traduzissem de forma simples seus conhecimentos e exaltava a sabedoria popular de ilustres anônimos.

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Em 2000, quando voltou à Globo e criou o Programa do Jô, ele manteve a fórmula. No total, o apresentador criou mais de 200 personagens e entrevistou 14.000 personalidades. Do sofá de casa, pessoas de todas as classes sociais e de diversas gerações viram seus programas e aprenderam um pouco mais, seja sobre política e ciência, seja simplesmente pelo fato de que rir, até de si mesmo, sempre será o melhor remédio. Um legado indelével para o Brasil.

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