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Há 10 anos, Brasil conheceu o conservador papa Bento XVI

Ao contrário de Francisco, que hoje tenta modernizar a Igreja Católica, antecessor evitava temas polêmicos

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h37 - Publicado em 28 dez 2017, 22h13
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  • Enquanto o papa Francisco enfrenta uma batalha em sua missão de arejar a Igreja Católica, como mostra VEJA desta semana, seu antecessor, Bento XVI, preferia evitar problemas apostando no conservadorismo. Na edição 2008, de 16 de junho de 2007, a revista mostrou que a política do antigo pontífice, que acabara de fazer uma visita ao Brasil, era a de não “abrir mão dos princípios morais, o cerne da doutrina católica, para atrair um imenso contingente de ovelhas desgarradas. Prefere um rebanho menor, mas seguidor dos mandamentos da Igreja”.

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    Pode-se dizer que politicamente o pontífice de hoje é o oposto do de 10 anos atrás. “Jorge Mario Bergoglio, o papa do fim do mundo, das favelas de Buenos Aires, do confronto com a ditadura militar argentina, tem um ideário muito nítido, traduzido em sua retórica, minuciosamente atrelada a temas delicados para o catolicismo”, diz a reportagem que está agora nas bancas, citando que Francisco defendeu o acolhimento de homossexuais, de mães solteiras e admitiu o divórcio, desestimulou as missas em latim, destituiu prelados influentes sob a acusação de desvio de dinheiro, deu poder a laicos e condenou o clericalismo exacerbado, entre outras mudanças inimagináveis para Bento XVI, como revelou a revista em 2007:

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    “Ao defender a família como célula-mãe da sociedade, Bento XVI afirmou: ‘A Igreja quer apenas indicar os valores morais de cada situação e formar os cidadãos para que possam decidir consciente e livremente’.”

    Outro ponto interessante na edição que deu capa ao ex-chefe do Vaticano de 2007 foi o destaque a sua personalidade — retraído, sem brilho, muito diferente de Francisco, que assumiu o posto após sua renúncia, e de João Paulo II, que morreu no cargo em 2005: “Por mais que fotógrafos e câmeras de televisão tentassem o contrário, em sua busca por uma imagem eloqüente ou tocante, a visita de Bento XVI ao país revelou aos brasileiros que o papa está longe de seu antecessor, João Paulo II, em matéria de carisma. Encurvado pelos 80 anos, com passos rápidos como se quisesse fugir dos olhos que sobre ele se fixavam, titubeante nos momentos de posicionar-se ao lado de autoridades seculares, Bento XVI definitivamente não exerce – nem quer exercer – fascínio pessoal. Basta-lhe a força do cargo. Em seus gestos e palavras, ele também demonstrou não alimentar um ardor místico muito além do mínimo esperado para um papa.”

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    As páginas de VEJA traziam ainda uma interessante relação das “brigas” compradas no passado por alguns pontífices.

    Papas do diálogo

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    A partir da segunda metade do século XIX, diante de um mundo em transformação acelerada, quatro pontífices se destacaram por abrir canais de comunicação com a modernidade

    LEÃO XIII (1878-1903)

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    Autor da encíclica Rerum Novarum, promulgada em 1891, o primeiro documento da Igreja a respeito da situação da classe operária. Nela, o papaabordou questões até então fora do âmbito das preocupações do Vaticano, como a obrigação dos patrões de oferecer boas condições de trabalho, o salário justo e o direito à organização sindical. Com essa encíclica, nasceu o pensamento social católico, que se contraporia ao marxismo e serviria de base ideológica aos partidos democrata-cristãos europeus.

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    BENTO XV (1914-1922)

    Acabou com as perseguições aos religiosos “modernistas”, promovidas por seu antecessor, Pio X. Em 1917, surpreendeu o mundo com uma condenação enfática da I Guerra Mundial, à qual chamou de “carnificina inútil” – até então, nenhum papa jamais tivera semelhante atitude em relação a conflitos entre nações. Bento XV chancelou, ainda, a participação de católicos em eleições nacionais, como candidatos ou votantes, sepultando, assim, a oposição da Igreja aos nascentes estados laicos. Por fim, deu início a uma ação missionária que não mais se confundia com o colonialismo.

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    JOÃO XXIII (1958-1963)

    Um dos papas mais amados da história do catolicismo, fazia visitas pastorais regulares a bairros populares de Roma, penitenciárias e hospitais – numa “opção preferencial pelos pobres” sem proselitismo. Em 1959, convocou o Concílio Vaticano II, destinado a “tirar a poeira do Trono de Pedro”. Ecumenismo, diálogo com outras religiões, colegialidade nas decisões da Igreja – todos esses temas, que permanecem em pauta, começaram a ser discutidos no concílio cujo final João XXIII não veria. Foi o papa que abriu o diálogo com o mundo comunista.

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    PAULO VI (1963-1978)

    Deu prosseguimento ao Concílio Vaticano II, concluído em 1965, e implementou algumas das decisões do encontro. Entre elas, reformou a Cúria Romana, o aparato burocrático encastelado no Vaticano, procurando diminuir seu raio de alcance. Na direção inversa, buscou fortalecer os episcopados nacionais, embora sem lhes conferir poderes deliberativos. Paulo VI aboliu os símbolos que remontavam ao poder temporal dos papas, modernizou algumas instalações do Vaticano e permitiu a abertura de uma galeria de arte moderna em seus domínios (iniciativas de grande efeito simbólico). Também estabeleceu relações diplomáticas com países muçulmanos.

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    Leia a reportagem de 2007 na íntegra clicando aqui.

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