O retorno de Bolsonaro ao Planalto depois de 20 dias recluso no Alvorada
A última vez que o presidente tinha ido à sede do governo federal foi no último dia 3, para um rápido encontro com Geraldo Alckmin
O presidente Jair Bolsonaro chegou na manhã desta quarta-feira ao Palácio do Planalto. A informação, absolutamente trivial em condições normais, nem sequer seria digna de nota se esta não fosse a primeira vez que o mandatário pisa na sede do governo federal em 20 dias. E mais: esta é apenas a terceira vez que Bolsonaro vai ao Planalto depois de ser derrotado por Lula nas urnas, no dia 30 de outubro.
Recluso no Palácio da Alvorada após as eleições, o presidente foi ao seu gabinete pela última vez em uma passagem-relâmpago para cumprimentar por alguns minutos o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, fora da agenda oficial, no dia 3. Desde então, ele vinha recebendo ministros e aliados esporadicamente na residência oficial.
A oficial agenda do presidente registra apenas um compromisso no Planalto nesta quarta, uma reunião de 30 minutos, das 11h30 ao meio-dia, com o ex-ministro do Desenvolvimento Regional e senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) — que inicialmente deveria ocorrer no Alvorada.
Coincidência ou não, o retorno ocorre um dia depois de ele e o PL pedirem ao TSE a anulação de urnas eletrônicas utilizadas nas eleições deste ano, mas apenas no segundo turno. A investida golpista, que teve uma resposta-relâmpago do ministro Alexandre de Moraes, serviu para mobilizar a base bolsonarista.
Interlocutores de Bolsonaro têm relatado que ele alega estar com várias feridas nas pernas, causada por uma erisipela — um doloroso processo infeccioso da pele, que pode atingir a gordura do tecido celular, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Mas, até o momento, a Presidência não divulgou nenhuma informação oficial sobre a suposta condição médica do presidente.
Depois de passar quase 45 horas em silêncio sobre o resultado das eleições, ele fez um pronunciamento de apenas dois minutos no Alvorada. No dia seguinte, ele divulgou um vídeo nas redes sociais em que pediu o fim dos bloqueios nas estradas pelo país no qual disse entender que os manifestantes estão “tristes e chateados” com a sua derrota. “Por favor, não pensem mal de mim. Eu quero o bem de vocês”, declarou, na ocasião.