Moraes determina que PF ouça presidente em exercício do PTB
O ministro do STF citou informações reveladas pelo Radar de que Graciela Nienov insinuou que teria almoçado com ele
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou nesta terça-feira que a Polícia Federal tome o depoimento da presidente em exercício do PTB, Graciela Nienov, em no máximo cinco dias.
A dirigente informou ao Supremo que o ex-presidente da sigla, Roberto Jefferson, e correligionários têm conduzido “movimentações espúrias” em grupos de conversas, “à revelia do estatuto do PTB e da atual presidente eleita”. Graciela também tem declarado que alguns membros da sigla tentam impedi-la de acessar a sede do partido, em Brasília.
Na decisão, Moraes ordena que a PF ouça a dirigente para que ela esclareça as informações prestadas na petição e a notícia de que “em áudios vazados de um grupo de mensagens com alguns dirigentes do partido”, a presidente do partido teria insinuado que teve “em janeiro deste ano um almoço” com o próprio ministro, como revelou o Radar na semana passada.
O cacique maior do partido, Roberto Jefferson, encarou a fala sobre o almoço com o magistrado como traição, já que Moraes, ou o “Xandão”, como ele chama o ministro, foi justamente o responsável por mandá-lo à prisão no inquérito que apura milícias digitais no STF.
O ministro também intimou a defesa de Roberto Jefferson para que se manifeste sobre as alegações de Graciela.
Na noite desta terça, a presidente do PTB divulgou nota de esclarecimento informando que nunca almoçou com o ministro e que fez um “comentário jocoso numa conversa informal entre amigos”. No texto, ela pediu desculpas ao ministro pelo eventual incômodo involuntário.
Leia a nota na íntegra a seguir:
Eu agradeço a oportunidade de prestar depoimento e esclarecer de uma vez por toda a farsa que alguns adversários estão tentando criar, de forma maliciosa, contra mim
O suposto almoço não passou de um comentário jocoso numa conversa informal entre com amigos, quando comentávamos o fato do Roberto Jefferson ter sido levado a um hospital.
Eu não conheço o ministro Alexandre de Moraes e não tinha nenhum almoço com ele. Aliás, se tivesse nada teria a dizer a ele. Não sou advogada e não cuido de questões jurídicas do partido.
Até peço desculpa se o episódio, ainda que involuntário, causou algum incômodo ao ministro.
Também fica claro nos diálogos vazados que não houve qualquer referência a pedido de prisão de Roberto Jefferson e, portanto, é descabida e fantasiosa essa versão de que teria havido traição dos novos dirigentes ao ex-deputado.
Graciela Nienov,
presidente nacional do PTB