AGU pede a STF para ocultar trechos da reunião denunciada por Moro
Falas podem ter referência a "supostos comportamentos de nações amigas"

No documento juntado ao inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar supostas interferências de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, a Advocacia-Geral da União (AGU) pede para que trechos com as falas de ministros que participaram da reunião de 22 de abril sejam ocultados.
Segundo a AGU, os ministros discorrem sobre assuntos “os mais diversos”, inclusive sobre políticas públicas em cogitação, e alguns “bastante sensíveis”, aí incluídas “análises e opiniões” do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Entre os trechos omitidos na própria fala do presidente transcrita pela AGU estão referências às “nações amigas”. “Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas] Então essa é a preocupação que temos que ter: ‘a questão estratégia’. E não estamos tendo”, disse Bolsonaro.
No documento apresentado ao ministro Celso de Mello, a AGU pede o levantamento do sigilo apenas das declarações do presidente na reunião, que estão sendo investigadas em inquérito. Caberá ao decano do STF decidir se acolhe o pedido, ou se divulga o vídeo na íntegra, como quer a defesa do ex-ministro Sergio Moro.