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Por Felipe Branco Cruz
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“Rita Lee é o que de mais moderno já apareceu no rock”, diz Luiz Carlini

Guitarrista do Tutti Frutti, artista veterano ganha documentário em que relembra a carreira e conta bastidores da banda

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 out 2023, 15h49 - Publicado em 8 ago 2023, 09h00

Um dos guitarristas de rock mais importantes do Brasil, Luiz Sérgio Carlini, de 71 anos, tem seu nome registrado na história da música brasileira como compositor de icônicos solos de guitarra, como o de Ovelha Negra, gravado com Rita Lee. Sua história é contada no documentário Luiz Carlini: Guitarrita de Rock, em cartaz nos cinemas e em breve nos serviços de streaming. Feito durante a pandemia, o filme do diretor Luiz Carlos Lucena conta com depoimentos de músicos como Erasmo Carlos, Andreas Kisser, Guilherme Arantes, Pepeu Gomes, Supla, Frejat, Thunderbird e Wanderléa.

O guitarrista, nascido e criado no bairro paulistano da Pompeia, onde vive até hoje, conta as origens do rock no Brasil e a formação da banda Tutti Frutti, com Rita Lee, após a saída dela dos Mutantes. Foi no Tutti Frutti que Rita estourou com hits como Agora Só Falta Você, Fruto Proibido e, claro, Ovelha Negra, todos com a guitarra certeira de Carlini. O músico também tocou em outras bandas, como Titãs, Barão Vermelho e Capital Inicial, além de excursionar com Erasmo Carlos e Guilherme Arantes. Carlini conversou com VEJA sobre a importância da guitarra para o rock e lembrou Rita Lee. Confira a seguir: 

O senhor é lembrado como o compositor do solo de Ovelha Negra. Qual é a importância do solo de guitarra para o rock? Tenho cinquenta guitarras e no filme e mostro as mais expressivas delas. O solo é o auge de um guitarrista. Sonhei com esse solo, foi uma coisa meio sobrenatural. Ele é simples, mas é aquilo: menos é mais, sempre. É um solo assoviável. Me lembro de um show que fizemos nos anos 1970 em Belém, no Pará. Vi uma mulher indígena limpando o hotel, ela estava até descalça, e assoviava o solo de Ovelha Negra. Foi ali que percebi que a gente havia quebrado todas as barreiras. Uma coisa que escrevi aqui na minha casa, na Pompeia, e que o Brasil inteiro conheceu.

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O senhor guarda até hoje a guitarra com a qual Ovelha Negra foi composta. Qual é a história desse instrumento? É uma guitarra dourada Gibson Les Paul Gold Top. Batizei de Brigitte, em homenagem à Brigitte Bardot, nossa musa da época. A história dessa guitarra é quase sobrenatural. Em 1974, Rita viajou para os Estados Unidos e pedi para ela trazer a guitarra para mim. Mas o banco mandou o dinheiro para outro país e a Rita não conseguiu comprar. Quando ela voltou ao Brasil, nós viajamos para o Rio de Janeiro e eu estava caminhando em Ipanema quando um gringo me parou, do nada, e perguntou em inglês se eu queria comprar uma guitarra. Quando vi, era o mesmo modelo de guitarra que eu queria que Rita trouxesse para mim. E ela estava nova. O gringo deve ter me parado porque eu era cabeludo e usava uma camisa dos Rolling Stones. Fui ao banco e só saí de lá após o gerente finalmente encontrar os 350 dólares que depositei e me devolver. Comprei a guitarra do gringo e ela tinha um adesivo do I Ching que significava que aquele objeto deveria ser meu. Era para essa guitarra ser minha. E foi nela que compus Ovelha Negra.

Perdemos Rita Lee recentemente. Como o senhor recebeu a morte dela? É uma perda insubstituível e irreparável. Ela virou a rainha do rock no Tutti Frutti. Conheci a Rita quando eu tinha 11 anos e ela, 16, lá na casa dos Mutantes. Desde o começo, eu sempre fui muito influenciado pelos Mutantes. Vi vários hits serem criados e ensaiados. Sérgio Dias é um grande amigo desde moleque. Quando a Rita saiu da banda, o Tutti Frutti era uma banda dos vizinhos dos Mutantes. Éramos a bola da vez. Meu relacionamento com a Rita veio antes de a gente ter um relacionamento musical e profissional. Já éramos amigos antes.

Como surgiu o Tutti Frutti? O Tutti Frutti veio da minha banda, chamada Lisergia, devido ao LSD. Como meu nome é Luiz Sérgio, e eu usava muito LSD, me chamavam de Lisérgio. Essa era a cena psicodélica dos anos 60 e 70. O Tutti Frutti veio depois disso. A gente fez o rock brasileiro na época mais difícil do Brasil, durante a ditadura. Foi bem pesado. A gente peitou essa briga.

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Como vê o rock brasileiro hoje? Sou do underground. Gosto de tocar em barzinhos, gosto da noite. O rock brasileiro é valente. É furioso. Ele nasceu na terra do samba. Fazer rock no Brasil sempre foi difícil. É difícil até hoje. Rita Lee é o que de mais moderno já apareceu no rock até hoje no Brasil. Na época do Tutti Frutti, eu estava no auge da paixão pelos Rolling Stones e ela, do David Bowie. Foi dessas influências que surgiram as letras e as sonoridades das nossas músicas. Rita verbalizava nas letras dela muitas coisas. Ela nasceu com esse dom. Ela tinha um baita talento.

 

 

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