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Por que tantos livros tão negativos não colam em Trump?

O bombardeio aumenta em época pré-eleitoral, mas os eleitores fiéis já sabem muito bem quem é o presidente e acham que a opção, Joe Biden, é pior

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 10 set 2020, 19h01 - Publicado em 10 set 2020, 07h19
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  • Mesmo em plena crise, Donald Trump está fazendo muita gente ficar rica sem mexer um só dedo: são os autores de livros, geralmente extremamente agressivos, sobre ele.

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    Os mais explosivos chegam a vender acima de dois milhões de exemplares. Os autores ganham entre 8% e 12% do preço de capa. O negócio é tão bom que o veterano Bob Woodward está em seu segundo livro sobre Trump, intitulado Rage, ou Ira.

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    A diferença fundamental entre ele e os outros é que Trump reclamou não ter sido ouvido para o primeiro livro e, para o segundo, concordou em dar dezoito entrevistas, uma atitude sem precedentes.

    Woodward também falou com ex-altos funcionários, muitos sem sigilo, o que o distingue da última tentativa de “assassinato político com papel e tinta”, o longo artigo na Atlantic onde Trump é acusado de desprezar os militares mortos em guerra como “trouxas” ou coisa pior.

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    O livro ainda não saiu e as principais informações só foram resumidas por veículos que tiveram acesso a ele. Algumas delas:

    1. Trump sabia muito bem da gravidade do novo coronavírus, “uma coisa mortal”. Desde o começo de fevereiro, recebeu relatos de inteligência sobre a realidade que já se configurava na China.

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    “Eu sempre quis minimizar”, disse a Woodward. “Ainda estou fazendo isso porque não quero causar pânico”, disse em 19 de março, depois de ter declarado estado de emergência nacional. “O vírus não tem nada a ver comigo. Não é minha culpa”, disse Trump na última entrevista a Woodward. “A China deixou esse vírus maldito se propagar”.

    2. Dan Coats, que foi diretor de Inteligência Nacional, “continuou a ter uma convicção secreta, que aumentou em vez de diminuir, embora sem ter base em dados de inteligência, de que Putin tinha alguma coisa sobre Trump”.

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    A recusa de Trump em fazer ou insinuar a menor crítica ao líder russo estava na base dessa convicção. “De que outra maneira explicar o comportamento do presidente? Coats não conseguia ver nenhuma outra explicação”, escreveu Woodward.

    3. Trump não acredita nas mais alianças valorizadas do país, com a OTAN e a Coreia do Sul. Acha que os Estados Unidos bancam muito o custo e fazem papel de trouxa.

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    Sobre “seus” generais, a constelação de estrelados que teve no começo do governo, declarou: “Eu não diria que eles são tapados, porque nunca diria isso sobre nossos militares. Mas é uma troca horrível”.

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    4. A “guerra retórica” com a Coreia do Norte em 2017 deixou o alto escalão em estado de extrema tensão. Jim Mattis, que era secretário da Defesa, chegou a dormir vestido, esperando ser convocado a qualquer minuto para a pior das hipóteses. Também saia para rezar na catedral nacional de Washington.

    Qual a novidade nisso tudo? Fora as declarações com fonte identificada – além das 27 cartas trocadas entre Trump e Kim Jong Un -, é pouca coisa.

    O próprio Mattis, um venerado general dos marines, já escreveu um livro em que diz que Trump representa uma ameaça para a própria constituição americana. Praticamente todo mundo já sai do primeiro escalão do governo com um livro engatilhado.

    Que Trump é inadequado para o cargo, a conclusão de Woodward, é uma das características mais comentadas desde muito antes de sua eleição, quando ainda era considerado uma espécie de piada de mau gosto.

    O livro de Woodward quase coincidiu, pela data, com o de Michael Cohen, o ex-advogado e faz tudo de Trump que virou delator.

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    Às conhecidas falhas de caráter do presidente, ele acrescenta um comentário que fez sobre a reação de Melania Trump quando um de seus escândalos de infidelidade estourou: “Eu sempre posso arranjar outra mulher”.

    Desde Fogo e Fúria, do precursor Michael Wolff, a imprensa antitrumpista sonha em detectar em livros sobre o presidente a “prova definitiva” que vai levá-lo à derrota.

    Os livros são lançados, ganham um espaço enorme, fazem a alegria de autores e editores. E somem do mapa. Para os trumpistas de raiz, simplesmente não colam. 

    Quando jornalistas tentam provocar os fieis eleitores evangélicos com os pecados carnais e comportamentais de Trump, expostos em detalhes tão constrangedores, a resposta costuma ser resumida assim: “Votamos num presidente, não num santo”.

    Outra característica que costuma ser ressaltada: Trump está cumprindo as promessas feitas ao eleitorado conservador. 

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    Nomeia juízes da Suprema Corte com este critério, manifesta-se contra o aborto (na prática, pouco pode fazer),  enfrenta a ascendente hegemonia da China de forma tão impensável para outros presidentes como foi a transferência da embaixada americana para Jerusalém.

    Agora, com a explosão de protestos violentos no campo explosivo das relações raciais, é o candidato da lei e da ordem.

    Depois de perceber o perigo potencial de deixar a candidatura democrata se identificar demais com o quebra-quebra, Joe Biden e assessores estão se reposicionando para atenuar o apoio a manifestações violentas.

    Em todas as pesquisas, Biden apareceu com uma vantagem tão consolidada que parece impossível Trump se recuperar a tempo de virar o jogo até 3 de novembro.

    Mas os partidários de Trump continuam a mostrar o entusiasmo que é bem mais rarefeito entre os eleitores de Biden.

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    Numa recente “passeata de barcos” no lago Erie, na região dos grandes lagos na fronteira com o Canadá, teve até uma sugestão de título, se não de livro, de filme” “Trump 2020, parte II: Vamos Fazer os Liberais Chorar de Novo”.

    Para os eleitores de Biden, é um filme de terror.

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