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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Um país terrivelmente evangélico – entrevista com o pastor Silas Malafaia

A Rodolfo Capler, o presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, comentou o escândalo no MEC, defendeu Bolsonaro e criticou as pesquisas eleitorais

Por Rodolfo Capler
Atualizado em 25 ago 2022, 11h39 - Publicado em 14 ago 2022, 09h37

Nas últimas semanas, iniciamos aqui nesta coluna, uma série de entrevistas com grandes lideranças evangélicas do Brasil. Com isso, intentamos informar os leitores sobre as diversas interpretações do cenário religioso evangélico brasileiro e de que modo essas formulações interferem no processo político do país. Até o momento, entrevistamos o cantor gospel Leonardo Gonçalves e os pastores Antônio Carlos Costa (Rio de Paz), Caio Fábio (Caminho da Graça) e Ed René Kivitz (Igreja Batista de Água Branca). Com contundentes críticas às igrejas evangélicas e ao apoio substancial de boa parte dos pastores ao presidente Bolsonaro, os entrevistados pela coluna sustentaram uma posição pessimista em relação ao futuro da igreja no Brasil e apontaram aquilo que julgam constituir seus principais desvios e injustiças. 

Com o objetivo de reafirmar o papel desta coluna, que é promover a pluralidade de ideias e fornecer informação pública em consonância com a verdade dos fatos (sem que esta seja impedida por quaisquer interesses), entrevistei o pastor Silas Malafaia, maior representante da ala pentecostal conservadora do país. Com mais de 10 milhões de seguidores em suas redes sociais, Malafaia é pastor há 40 anos e fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, denominação que hoje possui 150 templos espalhados pelo país, com mais de 200 mil fiéis associados. Com seu estilo combativo e assertivo, Malafaia é uma das figuras mais polêmicas e controversas do mundo evangélico. Nas eleições de 2002, foi um dos maiores apoiadores do ex-presidente Lula, porém, hoje se diz arrependido e se levanta como um dos seus mais implacáveis opositores. Em 2010, comprometeu-se com a campanha eleitoral de Marina Silva à presidência da República, porém, dez dias antes do pleito, revelou publicamente sua mudança de voto, por não concordar com a postura da ex-candidata, que à época, havia defendido a ideia de tratar o tema do aborto por meio de plebiscito. Desde as últimas eleições, Malafaia é um dos principais defensores de Bolsonaro e acredita que sua reeleição é a única saída para o país.

Em nossa conversa, Silas compartilhou sua satisfação com o papel social desenvolvido pelos evangélicos, rebateu críticas em relação à aliança de pastores com o bolsonarismo, fez duras críticas ao PT e manifestou dúvidas sobre as pesquisas eleitorais.

Leia a seguir a entrevista: 

Rodolfo Capler – Quando representantes oficiais de uma determinada religião ocupam cargos junto ao Estado, isso configura um “Estado confessional”, o que agride a laicidade estatal. A indicação de pastores evangélicos às principais instâncias do atual governo, não seria uma ameaça ao princípio do Estado laico?

Silas Malafaia – Penso que esta pergunta é um pouco equivocada. Primeiro, você tem que me provar qual foi a igreja que indicou algum pastor ou ministro às principais instâncias de poder do governo. Se existem, gostaria que me dessem os nomes deles. O que há associado à fé evangélica é um ministro do STF – que foi para lá não porque é pastor, mas por possuir notável saber jurídico e por ter sido apoiado por sete dos onze ministros –, a ministra Damares Alves, que também não é escolha nossa e o Milton Ribeiro que foi indicação do presidente Bolsonaro. Ou seja, não houve nenhuma indicação da Bancada Evangélica e de nenhuma liderança evangélica. Se você me apontar um cara que tenha sido indicado pela liderança evangélica ou pela Bancada Evangélica para ocupar um cargo em ministério do governo, eu dou a mão à palmatória.  Então, esta questão é equivocada, porque o camarada pode, simplesmente, ser um pastor com alta formação e ter sido indicado por suas capacidades. Por exemplo, o Milton tem doutorado, era professor e foi para lá não por indicação nossa, mas por suas próprias qualidades. A bem da verdade, no caso do Milton, eu indiquei no lugar dele o Anderson Ribeiro Correia do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). O Anderson é um cara top, com um currículo de alto nível, tanto que ele é diretor do ITA, que é um cargo para um oficial de três estrelas da Aeronáutica. Ele é civil e não foi indicado por nós. Mais uma vez eu insisto: quais são as figuras do governo que foram indicadas por nós? O ministro da economia não é evangélico, portanto nós não determinamos sobre a economia. O ministro da educação foi escolha pessoal do presidente Bolsonaro e, como eu disse há pouco, ele é um cara acadêmico de formação que não vivia apenas como pastor. Dessa forma, eu afirmo: nós não estamos ferindo a laicidade do Estado. O que existe é uma tentativa de alijar as pessoas evangélicas do processo político. 

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O grande problema é que o camarada pode ser católico, umbandista ou ateu, e ninguém questiona o fato. Mas, se for evangélico é caracterizado como “o evangélico”. Daí, muitos vêm com esta conversa furada de “laicidade do Estado”. O Estado é laico, mas não é laicista. Eu, pastor Silas Malafaia, sou tão cidadão como qualquer outro cidadão, com direitos de opinar e de influenciar como qualquer outro. E é isso o que eu faço. Eu exerço influência e vou continuar a exercê-la. Eu sou cidadão e tenho direitos e deveres. Isso, inclusive, está registrado lá na Bíblia. O apóstolo Paulo diz em sua Carta aos Romanos 13.7: “Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”. Paulo também reivindica a sua cidadania em Atos dos Apóstolos 16:35-40, quando ele foi preso injustamente. Todos têm cidadania, direitos e deveres, independente da sua religião. 

Rodolfo Capler – O discurso eleitoral de Bolsonaro e da primeira-dama no último final de semana na Igreja Batista da Lagoinha em BH não é uma agressão à separação entre Igreja e Estado, um dos grandes legados da Reforma Protestante?

Silas Malafaia – Por que viola o princípio da separação entre Igreja e Estado? Uma pessoa deixa de ter princípios religiosos por ser presidente da República, governador ou deputado? Como diz Michael J. Sandel: “Você não pode separar as pessoas de suas convicções religiosas ou filosóficas”. Você já viu um comunista deixar de ser comunista? Ele é comunista em qualquer lugar. Se ele vai à universidade, impõe suas ideias. Se está no meio do empresariado, também expõe suas ideias. O que Bolsonaro e a primeira-dama fizeram foi um ato de cidadania. Por que um cristão não pode expor suas ideias? O que o marxismo tem de melhor que o cristianismo? Nada. Me responda uma coisa: a América, que é a nação mais democrática do mundo, fere a laicidade do Estado quando um presidente faz um juramento com mão em cima da Bíblia? Isso é conversa da esquerda para tentar calar aqueles que têm convicções religiosas. 

Rodolfo Capler – Como o senhor avalia a participação dos evangélicos na política? Eles estão contribuindo positivamente para a mudança do país ou estão apenas se lançando a um projeto político de poder?

Silas Malafaia – Uma coisa que eu acho importante pontuar é que não existe esse negócio de projeto de poder dos evangélicos. Tanto é que Bolsonaro é católico. Por exemplo, outros políticos que eram evangélicos, como o Anthony Garotinho, que foi governador do estado do Rio de Janeiro, não tiveram a mesma capilaridade com os evangélicos, como teve o Bolsonaro. Eu converso com noventa por cento da liderança evangélica e desconheço essa coisa de “projeto de poder político” dos evangélicos. Nós não temos Papa, muito menos uma única liderança, ao contrário, o que temos são múltiplas lideranças. Esse negócio de projeto de poder dos evangélicos é uma balela. O que está acontecendo, na verdade, é que os evangélicos estão se despertando para o direito da sua cidadania. Eu tive o privilégio de ouvir o Dr. João Roberto Marinho (que era católico praticante), me dizer: “Vocês evangélicos dão às pessoas mais pobres e simples a dignidade e o direito de conquistar”. Isso acontece como fruto do legado da Reforma Protestante. Foi a Reforma que fez com que as pessoas das classes baixas conquistassem riqueza, poder e conhecimento. Não foi o socialismo ou o comunismo que promoveram isso. Ou seja, nós evangélicos incentivamos as pessoas a crescerem, a conquistarem e a progredirem. O Estado não faz isso, mas nós o fazemos com muita força. Podem chamar pesquisadores, sociólogos e quem mais quiserem, que eu os desafio a me apresentarem uma instituição que recupere pessoas como a igreja evangélica recupera. Em nosso meio não há apartheid social. Não há homogeneidade de grupos; é tudo misturado. Por exemplo, um diácono que coordena outros obreiros, é soldado no quartel, mas na equipe dele dentro da igreja, tem um coronel que obedece suas ordens. Isso é extraordinário e só ocorre na igreja, de forma que a igreja promove a igualdade entre as pessoas. Já o socialismo, é só teoria…

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Rodolfo Capler – De que modo o escândalo de corrupção no MEC, envolvendo dois pastores e o ex-ministro da educação Milton Ribeiro (também pastor), compromete a reputação dos evangélicos?

Silas Malafaia – Primeiro, temos que provar, pois onde há corruptores há corruptos. Até agora não apareceu nada. Eu não estou aqui protegendo ninguém, tanto que um dos primeiros camaradas que pediu investigação profunda sobre o ministro Milton e sobre esses pastores envolvidos fui eu. Inclusive a revista VEJA teve a dignidade de noticiar isso. A liderança evangélica não mandou botar debaixo do tapete, como o PT costuma fazer. Nós queremos a verdade, mas até agora, qual é a prova do envolvimento do ex-ministro Milton Ribeiro? O que temos são apenas ilações. Agora, se encontrarem alguma coisa, tem mesmo é que “botar para quebrar” com a aplicação da justiça. Outra coisa, “dois pastores” envolvidos? Nós somos mais de trezentos mil pastores no país. Não são dois pastores que vão manchar nossa reputação. Eu não sou responsável pela vida dos meus filhos mais velhos, quiçá desses pastores adultos. Cada um deve responder pelos seus próprios atos, seja pastor, seja padre, seja político… Aliás, não é porque um ou dois pastores são corruptos que todos os outros pastores o são. Portanto, nós continuamos pedindo que haja investigação profunda e total.  

Rodolfo Capler – Segundo declarações dos pastores Antônio Carlos Costa, Caio Fábio e Ed René Kivitz, em entrevista a esta coluna, o apoio irrestrito da maioria das lideranças e das igrejas evangélicas ao presidente Bolsonaro, é uma grande ofensa ao evangelho. Como o senhor considera essas afirmações?

Silas Malafaia – Olha, é até constrangedor para mim falar sobre eles. Esses nomes aí não representam nem meio por cento do pensamento da igreja evangélica brasileira. O que eles representam? Eu, particularmente, não sei. Me responda: que ofensa é essa ao evangelho? O fato de alguém ser a favor da família e contra o aborto? Essas são as ofensas? Eu acho que eles estão enganados. É só ver o viés político deles, que não se precisa falar mais nada. Outra coisa: quem são eles? Quem são? Eu não sei… Se já foram importantes, isso ficou no passado, porque hoje a representatividade deles é zero. 

Rodolfo Capler – No último dia 20/07, circulou na internet um vídeo do pastor Osni Ferreira da Igreja Presbiteriana do Brasil, fazendo propaganda eleitoral a Bolsonaro do púlpito de sua igreja. Aos fiéis presentes no templo, Osni disse: “Nós temos que reeleger Bolsonaro. Irmãos, não tem outro caminho para o Brasil”. O senhor acha correto usar o púlpito como palanque político?

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Silas Malafaia – Eu respondo pelos meus atos e não pelos atos dos outros. De qualquer forma, eu gostaria de perguntar: é correto fazer das universidades palanque da esquerda? É correto usar os sindicatos como fonte de cabo eleitoral da esquerda? No púlpito da minha igreja eu não falo: “Vocês precisam votar em A ou B”. O que eu faço é dar um panorama do Brasil e demonstrar o que cada candidato apoia. No final, deixo que a congregação decida. Pastores não são donos do voto de ninguém, entretanto, o que o pastor Osni Ferreira disse é a realidade. Se a gente quiser botar o Brasil como Cuba, Venezuela e Argentina é só deixarmos o Lula voltar ao poder. Daí, vamos mergulhar esse país na maior lama, deixando-o pior do que ele era.  

Rodolfo Capler – O senhor tem feito uma série de vídeos no YouTube descredibilizando as pesquisas eleitorais conduzidas com os evangélicos. Por que o senhor duvida das pesquisas?

Silas Malafaia – Se você quer saber o voto das pessoas mais pobres, tem que ir às comunidades carentes. Se você deseja saber o voto das pessoas mais ricas, deve ir às áreas de um nível social mais elevado. Como é que alguém pode saber com cem por cento de certeza sobre o voto evangélico? Porta das igrejas. Nem o Instituto Datafolha, nem o Instituto Paraná, fazem pesquisas aos domingos. Eu desafio quaisquer institutos de pesquisas a fazerem pesquisas nas igrejas de todas as regiões do país e em todas as localidades. Eu garanto que o resultado é o seguinte: 80% dos evangélicos consultados votarão em Bolsonaro e 20% em Lula. Por isso, eu não dou credibilidade às pesquisas eleitorais feitas com evangélicos. Eles não vão às portas das igrejas e assim não conseguem captar a real intenção de voto dos evangélicos. Eu sei muito bem o que eu estou falando, pois vou a todos os lugares deste país e o que vejo nas igrejas é um apoio avassalador ao Bolsonaro. Essas pesquisas estão todas furadas…

Rodolfo Capler – Bolsonaro é o “homem de Deus” para o Brasil?

Silas Malafaia – Eu não apoio candidatos a Deus. Ao contrário, eu apoio seres humanos que possuem defeitos e limitações, mas que têm bons princípios, bons valores e boas crenças. Bolsonaro acredita na família tradicional e nós também acreditamos. Bolsonaro acredita no casamento heterossexual e nós também. Bolsonaro é contra a ideologia de gênero e contra a mudança de sexo de crianças inocentes; nós também. Bolsonaro é contra as drogas e nós também. Agora me responda: qual é a prova de corrupção de Bolsonaro? Pode até haver alguma corrupção pontual dentro do governo, pois, ninguém consegue controlar uma máquina gigantesca como o Estado brasileiro. Entretanto, há uma coisa interessante nesse particular: as estatais nos governos PT de Lula e Dilma nos deram um prejuízo de bilhões de reais. Já no governo Bolsonaro, elas deram lucro de 187 bilhões de reais. Ou seja, Bolsonaro é um cara honesto e por qual razão não votar nele? De novo eu afirmo: eu não estou apoiando candidato a Deus. O presidente não é a quarta pessoa da Santíssima Trindade. Para falar a verdade, eu não concordo com tudo o que ele fala e reconheço seus defeitos. Agora, ele tem muita sinceridade e não é igual as [o pastor cita lideranças de esquerda] que vão com Bíblia para a igreja e simulam oração. É importante que se diga que o Bolsonaro frequenta cultos evangélicos desde a época que ele era deputado federal. Eu mesmo fiz o casamento dele. Portanto, há muitas similaridades entre a vida dele e o que nós acreditamos. Apoiaríamos o Lula e o PT, que juntos fizeram o governo mais corrupto da história? Não tem como.

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Rodolfo Capler – Há bases cristãs para apoiar o atual presidente?

Silas Malafaia – Deixa eu te explicar uma coisa na Teologia. Existe a vontade absoluta e a vontade permissiva de Deus. Nós entendemos que quando alguém alcança ou atinge um nível de governança num país, isso acontece pela vontade permissiva de Deus. Não é uma interferência, tanto que Deus autoriza que homens corruptos exerçam liderança em uma nação, como também permite a atuação de homens honestos. Isso ocorre porque Deus tem propósitos de ensinar um povo – às vezes um povo afastado dos caminhos do Senhor. Na verdade, há uma série de argumentos teológicos que eu poderia te apresentar. Agora, Bolsonaro como o “Messias” para o Brasil? Não. Eu não creio nisso, mas penso que ele é um camarada dentro da vontade permissiva de Deus para este tempo. Ele chegou numa hora em que o país estava mergulhado na maior lama de corrupção de sua história, com bilhões de reais subtraídos. Só duas refinarias nos governos do PT, a Abreu e Lima (RNST) e o Comperj no Rio de Janeiro, deram quase 200 bilhões de reais de prejuízo. Voltando à pergunta, eu não tenho uma visão messiânica, porém acredito que Deus tem uma vontade permissiva e que ele exerce justiça e juízo sobre as nações. Se eu pegar a história da Bíblia e a história do mundo, eu vejo isso. 

Rodolfo Capler – O senhor acredita que há hoje no Brasil uma luta do bem contra o mal? 

Silas Malafaia – Sim, eu acredito. Quem foram os caras que afundaram a nossa nação? Qual foi o governo mais corrupto da história? Isso representa o bem? A roubalheira do PT é coisa do bem? Para nós é coisa do mal. Não precisa ser evangélico para saber que quem rouba e afunda uma nação é do mal. Na minha visão religiosa isso é coisa do diabo. Já na visão de quem não comunga da fé cristã é o mal.

Rodolfo Capler – Nas eleições de 2002 o senhor foi um dos grandes apoiadores do ex-presidente Lula. Por que mudou de posição?

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Silas Malafaia – Quando eu apoiei Lula eu achava que ele tinha tudo para mudar o Brasil, pois ele vinha do Nordeste e era metalúrgico, refletindo assim uma origem pobre. Inclusive, eu fui membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência República, representando os evangélicos. Com o passar do tempo, eu fui percebendo que havia uma grande incoerência entre o discurso do PT e o que o partido apoiava no Congresso Nacional. Uma coisa era falar para o povo e para a mídia e outra coisa bem diferente eram os apoios lá dentro. Eles não abriam mão de todas as suas ideologias. Dessa forma, eu pedi para sair do Conselho, pois, para mim era insustentável participar daquilo tudo. Em 2006 eu já não apoiei Lula e desde então sustento minha posição de ser contrário ao PT, pois, tudo o que eles defendem fere os meus princípios. 

Rodolfo Capler – Na igreja evangélica há espaço para os cristãos de esquerda?

Silas Malafaia – Jesus diz no Evangelho de Mateus capítulo 6, que “ninguém pode servir a dois senhores”. A Bíblia também afirma que não pode sair duma mesma fonte, água doce e água amarga. Dito isto, eu queria entender como um cristão, que deve ter os seus fundamentos na Bíblia (fundamentos tais como casamento heterossexual e a valorização da vida), defende uma ideologia que defende casamento gay, aborto e ideologia de gênero. Como é que tal indivíduo consegue ser cristão? Como alguém pode ser marxista e cristão? Eu queria saber como isso é possível. Na verdade, é impossível um cristão verdadeiro ser de esquerda! Jesus fala de dois caminhos: um largo e um estreito. Você tem que escolher um dos dois. Sabe que a coisa mais terrível é querer adaptar a Bíblia às pessoas e não o contrário. É o ser humano que deve se submeter aos princípios de Deus e não Deus aos seus. 

Rodolfo Capler – O chamado “marxismo cultural” é um projeto em curso para destruir a família tradicional e a igreja? Como o senhor enxerga esta questão?

Silas Malafaia – A revolução comunista/marxista foi a mais sangrenta da história. Eles mataram mais de 100 milhões de pessoas. O marxismo viu que não adiantava conquistar as pessoas à bala. Então, entendeu que o caminho de dominação era por meio da cultura. Quais são últimos redutos de autoridade da sociedade? A família nuclear. Então, o que deve-se fazer? Destruir a família. Para isso, o ataque deles é desferido contra a igreja que é divina. O marxismo cultural foi estabelecido e está avançando, porém é fadado ao fracasso, pois a Bíblia diz que “a igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade”, vai prevalecer. Jesus afirmou que “as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja”. O que o marxismo cultural deseja é alterar o paradigma do mundo ocidental, a saber, o modelo judaico-cristão. Qual é a mais importante tradição do mundo ocidental? O cristianismo.  Direitos Humanos, proteção à vida, valorização da mulher, da criança e do idoso; a formação da Europa e das Américas e as maiores universidades do mundo são herança do cristianismo e não do socialismo. Toda a vida do Ocidente está permeada pelo cristianismo, de tal modo que se não houvesse o cristianismo, o Ocidente seria uma sociedade de bárbaros. O que o marxismo cultural almeja é mudar o paradigma ocidental judaico-cristão para o modelo humanista-ateísta. Eles também querem destruir a família e a igreja para fazer uma sociedade de informes dominada por uma elite política. 

Rodolfo Capler – Qual mensagem o senhor gostaria de deixar para o eleitor evangélico?

Silas Malafaia – Quero deixar alguns conselhos. O primeiro, é que devemos cumprir aquilo que está na Bíblia, especialmente em 1ª Timóteo capítulo 2.  Devemos orar pelas nossas autoridades. O segundo conselho, é usar a “mente de Cristo”, a qual o apóstolo Paulo, em 1ª Coríntios 2.14-16, diz que todo cristão possui. Ou seja, a mente de Cristo dá ao cristão a capacidade de discernir as coisas mais profundamente que quaisquer outras pessoas conseguem fazê-lo. Dessa forma, eu pergunto ao eleitor evangélico: como é que você vai votar em alguém, cujo governo foi o mais corrupto da história (me refiro ao PT)? Como é que você vai votar em alguém que defende casamento gay, aborto e ideologia de gênero? Quem tem a mente de Cristo não vota no PT. Eis o meu terceiro conselho: que o eleitor evangélico se atente para os valores dos candidatos políticos. Os cristãos devem apoiar valores, muito mais do que pessoas. Quem nesse momento da vida do Brasil está mais afinado com os nossos valores? Lula ou Bolsonaro? É óbvio que é o presidente Bolsonaro. Aliás, ele tem feito um esplendoroso trabalho escondido em todas as áreas, incluindo a área social. Por fim, concluo dizendo que nós não temos nenhuma opção além de Bolsonaro para presidente do Brasil. Que Deus abençoe o Brasil. Que Deus abençoe a todos!

* Rodolfo Capler é teólogo, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP

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