O presidente Jair Bolsonaro afirmou que tem um encontro agendado nesta segunda, 18, com embaixadores estrangeiros para tratar das urnas eletrônicas. Segundo ele, cerca de quarenta diplomatas já confirmaram presença na reunião.
O evento é uma clara provocação ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, que recentemente fez uma reunião com representantes de embaixadas para mostrar como funcionam as urnas brasileiras. Na ocasião, Fachin convidou a comunidade internacional a estar “alerta contra acusações levianas” sobre o processo eleitoral.
As acusações levianas vêm de Bolsonaro e de seus apoiadores. Desde que foi eleito pelas urnas que ele mesmo critica, em 2018, Bolsonaro levanta dúvidas sobre a transparência do processo eleitoral brasileiro.
E ele não economiza nos ataques a Fachin, tanto em relação ao cargo que o ministro ocupa no TSE, como na sua função no Supremo Tribunal Federal (STF). Esse é o comportamento típico de Bolsonaro: atacar quem age contra sua vontade ou quem defende a democracia.
Nos últimos dois meses, esta coluna contou oito ataques do presidente Jair Bolsonaro ao ministro Edson Fachin.
Em maio, Bolsonaro criticou Fachin por causa do marco temporal que muda o entendimento sobre demarcações de terras indígenas, disse que o ministro foi descortês com as Forças Armadas, sugeriu que há uma “sala secreta” para apuração de votos no TSE e insinuou que Fachin tirou Lula da cadeia.
Todas as acusações são infundadas, irresponsáveis e não condizem com a realidade.
Em junho, mais ataques: Bolsonaro chamou Fachin de marxista e repetiu que o ministro deve favores a Lula depois de colocá-lo para fora da cadeia.
Em julho, mês que ainda nem terminou, o presidente já chamou Fachin de provocador e disse que o ministro se intitulou “ditador do Brasil”.
Bolsonaro tenta, de todas as formas, desestabilizar Fachin e colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. O presidente deve tentar fazer isso novamente no encontro que acontecerá na tarde de hoje, segundo apurou a coluna.
As acusações sem provas, o uso indevido de informações sob sigilo e o tumulto em relação ao processo eleitoral fazem parte da estratégia suja do presidente para justificar qualquer atitude radical caso ele perca as eleições.