Jair Bolsonaro perdeu o poder, perdeu a elegibilidade, mas nunca perdeu a compulsão por mentir.
O ex-presidente afirmou, neste domingo, 8, que os “brasileiros patriotas que foram se manifestar [no 8 de janeiro] entraram em uma arapuca, numa armadilha patrocinada pela esquerda”.
É grave porque se trata de mais uma fake news do líder da extrema-direita contra a democracia brasileira, exatamente 9 meses após o dia da infâmia.
Basta pensar.
Através de fake news como essa, ele inflou seus seguidores radicais, a ponto de acontecer mais uma tentativa de golpe no Brasil – desta vez, com a destruição da sede dos poderes.
Nada o faz parar. É fake news em cima de fake news.
Não houve arapuca da esquerda. Houve crimes cometidos contra o estado democrático de direito.
O 8 de janeiro foi sendo gerado durante o governo do próprio Bolsonaro, que manchou a presidência da República ao espalhar notícias falsas contra a vacina, o vírus mais letal da história, o jornalismo profissional, o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal.
A nova declaração de Bolsonaro aconteceu em uma passeata contra o aborto, em Belo Horizonte, porque a mais alta corte do país iniciou, de forma atabalhoada, o julgamento sobre a descriminalização do ato até 12 semanas de gravidez.
O ex-presidente ficou chateado com o número de pessoas presentes na capital mineira.
“Eu passei por aqui no ano passado, essa praça estava completamente cheia. Creio que a diminuição no número de pessoas vai pelo temor do que aconteceu no 8 de Janeiro. Hoje, muitos irmãos nossos estão sendo condenados por esses atos. Reprovo, sim, a dilapidação de patrimônio público, mas não justifica a pena”, disse ele, defendendo punições brandas aos delinquentes golpistas.
O líder da extrema-direita ainda fez questão de se colocar como um ungido de Deus, diante do julgamento do aborto e o da descriminalização do porte drogas. “Não sei se vocês repararam, foi só a gente deixar a presidência que parece que as portas do inferno se abriram”.
É a narrativa mentirosa que ele não larga nunca. E a comprovação de que o STF pode ter errado na mão, como defende o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (Entenda aqui).