Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

O grande erro do PDT no reduto eleitoral de Ciro Gomes

Cientista política comenta como a decisão do PDT, que começou a ser forjada numa sala cheia de homens, tirou Izolda Cela da corrida pela reeleição no Ceará

Por Débora Thomé
Atualizado em 26 jul 2022, 11h58 - Publicado em 21 jul 2022, 17h49

Dia desses, um cientista político estrangeiro me escreveu perguntando: “Afinal, o que acontece no Brasil que não se conseguem eleger mulheres governadoras?” Ele pesquisa política peruana, mas o desvio de rota é tamanho que acabou impressionando até mesmo quem não acompanha o dia a dia da política brasileira. 

Esta semana, pensando sobre esta pergunta feita há alguns meses, minha vontade era de enviar a ele todas as reportagens que mencionavam a decisão do PDT do Ceará de não permitir que a atual governadora, Izolda Cela, fosse a candidata ao governo do estado.

Para lembrar, em 2018, no Brasil, apenas um estado, o Rio Grande do Norte, elegeu uma mulher; Fátima Bezerra, pelo PT. Em 2014, também fora somente uma: Suely Campos, em Roraima, pelo PP. Em 2020, nas eleições locais, só uma capital, Palmas (TO) elegeu uma mulher: Cinthia Ribeiro, do PSDB, engravidou durante o mandato e descobriu que não tinha direito a algum tipo de licença-maternidade, teve que fazer um quarto para o filho na prefeitura e seguiu trabalhando.

Izolda Cela é uma mulher com ampla experiência em políticas de educação, agenda pela qual o Ceará é conhecido internacionalmente, dada a experiência da cidade de Sobral, de que ela foi uma das peças-chave. De fato, Izolda, nas pesquisas, não estava à frente do candidato bolsonarista, Capitão Wagner, no entanto, quando eleitoras e eleitores eram informados de que ela tinha o apoio do presidente Lula, esta dinâmica se transformava totalmente, com a candidata liderando.

Sempre que pesquisamos sobre a baixa representação feminina, sabemos que uma parte da explicação está no fato de que é difícil eleger quem ainda não tem uma trajetória política (e, de fato, muitas mulheres ainda a estão construindo); ou seja, é mais fácil que sejam eleitos aqueles que já tem cargos e um histórico no partido.

Continua após a publicidade

O caso de Izolda Cela é justamente o oposto: há, pelo menos, 20 anos, ela vem traçando seu papel dedicado à política, no mesmo partido. Fica evidente que ela seguiu a trajetória esperada para uma candidatura de sucesso, além de estar no cargo. A decisão do PDT, que começou a ser forjada numa sala cheia de homens, como mostraram as imagens, interrompe o natural percurso político de uma mulher com capacidade de se eleger.

Podem-se buscar outros motivos para a decisão do PDT – e, certamente, há. Porém, neste pacote, o viés de gênero, ou mais popularmente, o machismo desempenha um papel eloquente. São os caciques dos partidos mostrando sua pior faceta, para a qual estamos alertando nos últimos anos, que impede que mais mulheres tenham, realmente, chances nos cargos mais altos da política.

* Débora Thomé, cientista política, colabora com a coluna ocasionalmente 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.