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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O governo Lula tem errado ou buscado o erro na comunicação?

O cientista político Rodrigo Silva analisa as pesquisas de opinião que colocaram a nova gestão petista em xeque nesta semana... 

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 mar 2024, 15h30 - Publicado em 10 mar 2024, 15h26

A semana foi tensa e de relativa derrota para o governo, que parece tentar um diálogo com um público que não fala a mesma língua dos políticos influentes do PT e do entorno de Lula. Pesquisas divulgadas por dois institutos mostram que a aprovação do governo caiu, principalmente em grupos fundamentais.

A pergunta é se Lula tem desejado falar com toda população ou se toda aquela conversa de frente ampla foi só matéria de campanha e o que importa agora é a polêmica, a fim de manter o debate aceso e polarizado, porque só assim há campo possível de batalha. 

O cenário parece complexo.

Segundo o Ipec, a queda na avaliação positiva do governo Lula teve recuos em grupos muito sensíveis. Três merecem destaque: moradores do Nordeste que saiu de 52% para 43%; os autodeclarados pretos e pardos, de 43% para 35%, e as mulheres, de 40% para 33%. São grupos fundamentais para a vitória de Lula em 2022. No cômputo geral, a percepção de que o governo é ótimo e bom caiu de 38% para 33%, o menor índice até agora. Os dados comparam pesquisas de dezembro ao momento atual da gestão petista.

No recorte da Quaest, chama atenção os dados sobre evangélicos. Se em agosto do ano passado, os que aprovavam (46%) e que desaprovavm (50%) parecia se aproximar um do outro, o número agora dos que não aprovam o governo é de 62%. Além de se ver mal entre os que o apoiaram, se coloca mal entre aqueles que precisa conquistar ou ao menos criar um diálogo.

Se a questão era dialogar com evangélicos, a escolha de fazer comparações estapafúrdias com o Holocausto parece ter criado uma celeuma ainda maior, a se ver pelo comportamento dos manifestantes que foram apoiar Bolsonaro em 25 de fevereiro em São Paulo.

Se o objetivo era falar àqueles que mesmo não sendo de esquerda votaram em Lula por valores democráticos, mas preferiam candidatos como Simone Tebet ou figuras mais à centro-direita, as falas sobre as eleições na Venezuela parecem fazer o grupo se distanciar ainda mais. 

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Questionado sobre o pleito que deve acontecer em julho no país vizinho, Lula disse que duvidar da lisura antes da realização das eleições é algo que não tem cabimento. Soa, claro, como escárnio a saber de tudo o que Maduro tem cometido no regime venezuelano em termos de direitos e liberdades, principalmente contra opositores.

E se as declarações sobre política externa parecem não ter ajudado no diálogo com os públicos para além da bolha, a tarefa parece ser ainda mais inglória quando o tema é a política interna, aquela do dia a dia. 

A semana foi outro baque para o governo nesse quesito.

As eleições para comissões devem trazer um pouco de dor de cabeça para o governo, porque cinco comissões  importantes e que pautam as discussões dentro da Câmara ficaram na mão de deputados da oposição – não de qualquer deputado, mas de parlamentares para lá de ideológicos.

E o que isso tem a ver com comunicação? 

Se o governo, com o auxílio de seus parlamentares da base, não afinar o discurso, certamente os de oposição que estão presidindo comissões importantes da Câmara dos deputados saberão.

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Para citar um que entende muito bem como tumultuar as redes: Nikolas Ferreira, deputado federal mais votado no país. O jovem mineiro é o baluarte mirim do obscurantismo em temas caros à sociedade brasileira. Vai comandar, pasmem, a comissão de educação. Se ele entende pouco do tema educação, de mobilização em redes sociais, entende muito.

E a educação tem sido tema para lá de fundamental, não só porque é matéria importante do ponto de vista de política pública, mas porque tem pautado o discurso conservador desde as discussões do Escola sem Partido até censuras aqui e ali para atender a extremistas ideológicos que tentam impor seus discursos.

A lista não para por aí porque haverá ainda a deputada Caroline de Toni (PL-SC) na comissão mais importante da Casa, a de Constituição e Justiça. Deputada de extrema-direita e eleita pelo PL de Santa Catarina, a parlamentar é craque em cortes nas redes sociais.

E tem mais:  a comissão do Esporte estará com Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP); a de Segurança Pública, com Alberto Fraga (PL-DF); e a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, com o Pastor Eurico (PL-PE). É uma turma para lá de possível na capacidade de incomodar qualquer governo de centro-esquerda.

Se a terceira gestão de Lula continuar insistindo no erro – ou no desejo de se comunicar abertamente apenas com seu público -, tentando palpitar no conflito palestino, na guerra contra a Ucrânia, nas eleições na Venezuela e esquecendo o imbróglio brasileiro, a situação tende a ficar muito complicada.

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