Após errar politicamente em abril, quando afirmou que EUA e a União Europeia estavam ajudando a prolongar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, Lula finalmente acertou o tom.
Em importante e organizado discurso em Bruxelas, onde participa da cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), o presidente primeiro jogou os holofotes na indústria das armas. Depois, na sustentabilidade.
A estratégia deu certo.
“A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais”, afirmou Lula.
Como mostrou Veja, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões com armamentos em 2022, um vergonhoso recorde que revela que estamos no caminho errado.
A Ucrânia recebeu US$ 100 bilhões em ajuda bélica das principais potências ocidentais. Só os EUA deram quase metade desse valor – R$ 47 bilhões.
É muito dinheiro gasto emergencialmente com armas – enquanto os sinais da urgência climática só pioram – por causa da guerra imposta pela Rússia aos ucranianos e ao mundo.
A repercussão da nova crítica de Lula, contudo, está sendo positiva. Por isso mesmo – ao encontrar essa nova sintonia relacionada à guerra -, ganhou pouco destaque, mas precisa ser louvada.
É que, há três meses, a realidade era outra, bem diferente. A Casa Branca e o centro do poder na Europa acusavam publicamente Lula de fazer coro à propaganda russa que justifica a violência.
Com razão.
Parecia até que o Brasil iria apoiar o agressor e não o agredido. Isso se tornou uma constante na política externa do atual governo, acabando com a lua de mel dos EUA e da União Europeia com o renascido presidente brasileiro.
Agora, ao menos no que diz respeito aos desafios internacionais, Lula 3 melhorou. E muito. O país agradece.