Sem citar EUA, Lula critica corrida armamentista após guerra na Ucrânia
O petista argumenta que gastos aumentados com fins bélicos dificultam enfrentamento às mudanças climáticas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira, 17, durante visita a Bruxelas para cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que a guerra na Ucrânia produziu uma nova corrida armamentista, criticando o desvio de recursos que poderiam combater as mudanças climáticas para a indústria bélica.
“A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais”, afirmou o petista em seu discurso para a abertura do fórum empresarial União Europeia-América Latina.
O presidente afirmou também que “a corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima”. Segundo ele, diante dos perigos de eventos climáticos extremos e de conflitos, “cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos”.
De acordo com o Instituto de Pesquisas pela Paz, de Estocolmo, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões com armamentos em 2022, um recorde histórico. Em fevereiro de 2023, quando a guerra fez aniversário de um ano, a Ucrânia havia recebido mais de US$ 100 bilhões em preciosa ajuda bélica das potências ocidentais, valor que supera o auxílio conjunto oferecido a nações emergentes para o enfrentamento à mudança climática.
Os Estados Unidos são, de longe, o maior contribuinte de Kiev, tendo enviado US$ 47 bilhões em armas e equipamentos de defesa ao país invadido pela Rússia, além de outros mais de US$ 30 bilhões para ajuda financeira e humanitária. A Europa segue atrás, comprometendo US$ 13,5 bilhões de seu fundo pouco conhecido Mecanismo Europeu de Paz em ajuda aos ucranianos, e prometendo gastar mais US$ 4,5 bilhões com armas para Kiev neste ano. Como Lula também está “no coração da Europa”, contudo, não citou Washington ou Bruxelas durante sua crítica.