Diplomatas se unem para resgatar política externa no pós-Bolsonaro
Embaixadores e especialistas insatisfeitos com a atual gestão da diplomacia brasileira elaboram documento com diretrizes para serem aplicadas no futuro

Diplomatas da ativa que não podem revelar seus nomes se juntaram a embaixadores que já se aposentaram, e especialistas em política externa, para propor uma diplomacia pós-Bolsonaro. Acham que é preciso começar agora a consertar o estrago. A insatisfação de diplomatas e especialistas em política externa com a forma como o governo Bolsonaro vem tratando a relação do Brasil com outros países é visível desde o início da atual gestão. Tanto a postura de submissão aos Estados Unidos, como o descuido com a preservação ambiental e com assuntos de direitos humanos preocupam especialistas da área, que já pensam em como recuperar a política externa após o fim do governo de Bolsonaro.
Essa apreensão gerou um documento com sugestões para resgatar a política externa brasileira ao final da gestão bolsonarista. Embaixadores aposentados, especialistas em relações internacionais e diplomatas da ativa – mas de forma anônima – e uniram para construir a proposta.
Nesta terça, 8, um encontro virtual intitulado “Programa Renascença” teve a presença dos embaixadores aposentados Rubens Ricupero e Celso Amorim. A política externa brasileira também foi abordada na conferência. Embora não tenham participado da preparação da proposta, tanto Ricupero quanto Amorim acreditam ser necessário discutir os próximos passos para que o país volte a ser conhecido pela diplomacia e bom relacionamento com outras nações.
Um dos embaixadores que concordam com a proposta apresentada é Roberto Abdenur, que comandou as representações diplomáticas do Brasil em Pequim e Washington. Em entrevista à coluna no início de agosto, Abdenur criticou a forma como Bolsonaro tem comandado a política externa do país e a atitude pró-Trump adotada pelo presidente.
“É o pior, o mais difícil momento e nós estamos nos colocando numa situação ainda mais equivocada, dada essa atitude pró-americana, pró-Trump e antichinesa, que o governo brasileiro está expressando. É a pior das situações possíveis, é o pior dos mundos”, disse Roberto Abdenur.
Rubens Ricupero, que foi embaixador brasileiro nos Estados Unidos, também tem criticado o governo e o ministro das Relações Exteriores e disse, em maio, que a “autoexcludente” política externa brasileira faria do país um epicentro mundial da pandemia do coronavírus. Desde junho, o Brasil vinha ocupando o segundo lugar no ranking mundial que contabiliza os casos da doença. Nesta segunda, 7, a Índia ultrapassou o país, ficando só atrás dos Estados Unidos. “Um governo que se comporta dessa maneira se autoexclui da participação na vida internacional”, afirmou Ricupero em entrevista à coluna em maio.
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