Do perdão às multas ao fim da Justiça Eleitoral, Gleisi?
Além de defender a PEC da Anistia, a presidente do PT questionou a existência do TSE
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, protagonizou uma cena triste da política brasileira. Não contente em defender o projeto que anistia partidos das regras que o próprio Legislativo criou, atacou a Justiça Eleitoral.
A deputada afirmou que as multas aplicadas pelo tribunal não são exequíveis. Os partidos não têm como pagar, segundo Gleisi.
Ora, pensassem isso lá atrás, na hora de não cumprir a legislação.
Mas a defesa do perdão às multas não foi suficiente. A presidente do PT provocou uma solução mais radical: “Um dos únicos lugares no mundo que se tem Justiça Eleitoral é no Brasil”. O que já é um absurdo, concluiu Gleisi.
Teve reação. O presidente do TSE divulgou uma nota repudiando as “afirmações errôneas e falsas, realizadas com o intuito de tentar impedir ou diminuir o controle dos gastos públicos, em especial aqueles destinados às candidaturas de mulheres e negros”.
E, de fato, são.
A PEC da Anistia já é assombrosa por si só. Mas juntou do PT ao PL, de Jair Bolsonaro. O mesmo que atacou o sistema eleitoral sistematicamente durante os quatro anos de seu mandato.
Ainda na proposta, que está sendo discutida na Câmara, fala-se na flexibilização das candidaturas de mulheres e negros, por mais que queiram dar a migalha de garantir 20% de assentos femininos.
Estamos entrando num terreno perigoso, quando posição e oposição se unem num discurso que descarta a Justiça Eleitoral. A mesma que divulga os resultados da eleição no dia do pleito. A única democracia que faz isso e é elogiada mundo afora pela sua eficiência.
Ainda na nota, divulgada por Moraes, o TSE diz considerar lamentável o tribunal ser contestado por presidente de partido, fruto de total desconhecimento sobre a sua importância.
Ontem, mais cedo, antes mesmo da resposta do presidente do órgão, mas depois de tamanha repercussão, a petista achou por bem contemporizar nas redes: “Por mais relevante que seja o papel da Justiça Eleitoral, seu funcionamento está sujeito ao escrutínio da sociedade, como o de qualquer instituição”.
Criticar é uma coisa, defender o fim é outra.