O racha do PSDB no palco da última grande vitória em São Paulo
Tucanos estão divididos entre apoiar ou não o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) em 2024
Partido que venceu as duas últimas eleições municipais na maior cidade do país, o PSDB saiu menor do que entrou nos pleitos federal e estaduais do ano passado. Sem candidato a presidente, perdeu o governo de São Paulo após 27 anos e elegeu apenas 18 deputados federais, o que diminuiu a sua relevância no Congresso.
Na capital paulista, onde triunfou na disputa da prefeitura em 2020, o partido está em uma encruzilhada para o próximo ano. Com a morte prematura de Bruno Covas, vítima de câncer, em maio de 2021, a cidade passou a ser governada pelo vice do tucano, o ex-vereador Ricardo Nunes (MDB). Os tucanos agora mostram alguma divisão quando a discussão é em torno de embarcar ou não de forma oficial na candidatura à reeleição de Nunes, que tenta construir uma ampla frente de centro-direita para 2024, como mostra reportagem de VEJA na edição desta semana. O prefeito tem buscado o apoio de legendas como PL, União Brasil, PP, PSD e Republicanos, que já gravitam em torno de seu governo, e espera contar também com o apoio do PSDB.
A adesão tucana, no entanto, deve ocorrer apenas de forma regionalizada, sem apoio da direção nacional do PSDB, o que tem aumentado a tensão no já combalido partido. Há poucos dias, Nunes esteve em um evento do diretório municipal tucano, na Penha, zona leste, e ouviu de seu presidente, Fernando Alfredo, que a sigla estaria com ele no ano que vem. Faltou, porém, combinar com a Executiva Nacional, que não gostou da posição local. “Esse apoio não pode ser decidido numa feijoada. O âmbito da construção do apoio deve ser outro. Deverá haver diálogo do Baleia Rossi [presidente do MDB] com o Eduardo Leite [presidente do PSDB], juntamente com o Ricardo Nunes. Não descarto apoio, mas dizer que o martelo está batido é muito cedo”, afirma Paulo Serra, tesoureiro nacional do PSDB, prefeito de Santo André e fiel escudeiro do governador gaúcho.
O PSDB tem muito com o que se preocupar em São Paulo — e não só na capital. Partido com o maior número de prefeitos no estado, fruto dos anos de hegemonia regional, a sigla tem sido alvo de uma grande ofensiva de outras legendas, que tentam cooptar os seus mais de 200 prefeitos. A ofensiva tem a participação de caciques importantes, como os chefes do PL, Valdemar Costa Neto, do PSD, Gilberto Kassab, e do Republicanos, Marcos Pereira, todos de São Paulo. Também há movimento nesse sentido por parte do PSB dos ex-governadores Márcio França e Geraldo Alckmin — este um ex-tucano graúdo, já que foi um dos fundadores do PSDB e por anos o principal líder da legenda no estado.