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É necessário vigilância ativa na prevenção do câncer de próstata

Quanto mais cedo o tumor for diagnosticado, maiores são as chances de cura. Por isso, os homens devem fazer exames regulares a partir dos 50 anos

Por Redação
Atualizado em 29 nov 2019, 14h59 - Publicado em 29 nov 2019, 14h51
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  • “É mais fácil entender uma ideia se você pode relacioná-la com outra que já conhece.” A frase é do americano Salman Khan, engenheiro e matemático, formado em Harvard e no  Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e fundador da Academia Khan, uma plataforma online gratuita de aprendizagem em que mais de 72 milhões de pessoas de todo o mundo já assistiram às suas mais de 7 mil videoaulas. 

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    É assim que Khan explica como as redes neuronais funcionam com a associação de ideias, e não com temas estanques, numa referência aos modelos de ensino, em que se deve valorizar a interiorização do conteúdo como gatilho que pode ser aplicado mais tarde.

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    Campanhas de conscientização, como o Novembro Azul, têm um tanto desse aspecto proposto pelo americano. Na medicina isso também fez todo sentido, porque é mais fácil entender uma ideia (a saúde) se você pode relacioná-la com outra que já conhece (a doença). A interiorização do conhecimento sobre a saúde, há anos divulgado por meio da conscientização da prevenção, pode nos fazer tomar atitudes positivas hoje ou com o passar dos anos – até uma ou duas décadas depois. 

    Quando tomamos conhecimento das possibilidades ou probabilidades em relação a qualquer doença, o que podemos fazer de imediato é cuidar preventivamente do nosso corpo, com menos stress, mais atividade física e consumindo alimentos saudáveis. Isso impedirá que você seja diagnosticado com doenças graves, como o câncer de próstata? Há muitas variáveis nesse processo, mas, diz o velho ditado, melhor prevenir do que remediar. 

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    Muitos homens quando diagnosticados com câncer de próstata buscam alternativas, novas técnicas, procedimentos, tratamentos, sem deixar de lado a manutenção do cuidado de sua saúde, física e mental. 

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    Paciente longevo

    Há exatos 20 anos, um paciente recebeu o diagnóstico de câncer de próstata. Procurou diversos especialistas no Brasil e no exterior. Mas foi por meio da indicação de um amigo que fez o tratamento na Alemanha. O que levou esse paciente a procurar outras alternativas em parte foi causado por um processo traumático: ele havia perdido a filha pouco tempo antes em virtude de um câncer de mama diagnosticado tardiamente. 

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    Além da vontade de viver, esse paciente levou em consideração outros fatores essenciais para ele naquele momento. Queria manter uma boa qualidade de vida durante e após o tratamento, pretendia uma rápida recuperação, com um método não invasivo, reduzidos riscos de efeitos colaterais, como incontinência urinária e impotência sexual, e menor morbidade relacionada ao tratamento.

    Cito esse caso porque se trata de um dos pacientes mais longevos após o tratamento com HIFU (sigla em inglês para Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade) para câncer da próstata. Está ativo, nunca teve transtornos urinários e não há sinal de recidiva (retorno do câncer). 

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    O HIFU possui características que o tornam uma opção de terapia curativa importante. Uma abordagem não invasiva que usa energia de ultrassom aplicada com precisão para atingir a necrose das células tumorais sem radiação ou excisão cirúrgica. A pesquisa clínica com a terapia HIFU para câncer de próstata localizado começou na década de 1990 e hoje é aplicado por oncologistas urológicos em diversos países. 

    Estágios iniciais

    O câncer de próstata agora é diagnosticado em um estágio de doença mais precoce em pacientes mais jovens com uma expectativa de vida mais longa do que há 20 anos, antes da triagem generalizada de PSA. Como resultado, a janela para a terapia curativa foi ampliada e, como os pacientes que vivem mais tempo após a terapia definitiva, uma maior ênfase é colocada na morbidade relacionada ao tratamento e seu impacto na qualidade de vida do paciente. 

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    A recorrência da doença é em 10% a 50% dos pacientes, independentemente da abordagem curativa, e o tratamento do câncer de próstata evoluiu de um tratamento singular para uma abordagem sequencial e multimodal que acomoda muito o uso de terapias minimamente invasivas, como o HIFU. Além disso, essa técnica pode ser repetida em casos de recorrência local, o que não é uma opção em outras modalidades de tratamento para câncer de próstata localizado, como radiação externa, criocirurgia e braquiterapia.

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    Há centros especializados em todo mundo, inclusive no Brasil. Na Alemanha, são 36 centros; na França, 68; na Itália, 28; em Taiwan, 17; e nos Estados Unidos, 245 centros. 

    Este ano, fizemos uma discussão importante durante o 37º Congresso Brasileiro de Urologia, realizado em Curitiba, sobre as terapias focais para o câncer da próstata localizado, com ênfase para o HIFU. Pude expor minha expertise com essa terapia, que tive o privilégio em conhecer e estudar quando fazia doutorado em uro-oncologia em Dusseldorf, na Alemanha – hoje, passados mais de 20 anos de prática clínica, já realizei mais de 350 procedimentos com HIFU.

    Novembro Azul

    O envelhecimento é um dos principais fatores de risco para o câncer de próstata. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com a doença, nove têm mais de 55 anos. A Sociedade Brasileira de Urologia indica exames periódicos a partir dos 50 anos de idade. Para homens cujos familiares de primeiro grau (pai ou irmão) já tiveram a doença e afrodescendentes a recomendação é realizar a avaliação entre 40-45 anos. 

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    Além da prevenção, buscar auxílio de um urologista e fazer exames de rotina podem ajudar a detecção precoce do câncer de próstata, e até mesmo resultar na cura do paciente. Todavia, estimativas internacionais apontam que entre 60% e 70% de todas as neoplasias são diagnosticadas em estágio muito avançado.

    Hoje, 20 anos depois, quando observo meu paciente aos 94 anos de idade, lúcido e saudável, e sendo um dos pacientes mais longevos pós-tratamento do câncer de próstata, acredito que toda alternativa é válida, sobretudo quando apoiada por estudos científicos e prática clínica em centros médicos respeitáveis em todo mundo. Acreditar e dar créditos para a ciência é o caminho mais seguro a ser perseguido pelas campanhas de conscientização, caso do Novembro Azul.

     

    Letra de Médico - Marcelo Bendhack

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    Adriana Vilarinho, dermatologista
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    Sergio Podgaec, ginecologista

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