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Punição a Bolsonaro une parlamentares do Brasil e dos EUA

Prisioneiro do próprio tumulto, ele provocou inédita união de forças políticas de centro e de esquerda do Brasil e dos Estados Unidos

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 jan 2023, 09h30

Mudaram o ambiente e a agenda política em Brasília.

Até a semana passada debatiam-se as chances reais de Jair Bolsonaro algum dia enfrentar consequências processuais pela instabilidade que ajudou a criar nos últimos quatro anos.

A invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, no domingo (8), mudou o rumo da discussão entre parlamentares e juízes: já não é “se” mas “quando”.

O desfecho com punição virou questão de tempo, contado a partir de fevereiro nos calendários político e judiciário.

Em três semanas o Congresso retoma as atividades. Começar com a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a insurreição e no alvo central estará Bolsonaro.

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O STF vai reabrir com resoluções sobre a pilha de processos (há 1.159 novos) que relatam a história do extremismo bolsonarista no governo, na campanha eleitoral e na organização da rebelião do último fim de semana.

Bolsonaro virou prisioneiro do próprio tumulto. Conseguiu a proeza de ser reconhecido dentro e fora do país por sua principal contribuição à vida politica brasileira nas últimas três décadas — a manipulação do ódio como modo de fazer política.

Foi além: provocou inédita união de forças políticas de centro e de esquerda do Brasil e dos Estados Unidos, onde se refugiou na sexta-feira 30 de dezembro para eternizar sua ausência em Brasília num rito simbólico da democracia, o da transferência de poder ao sucessor eleito, Lula.

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Mais de 60 parlamentares brasileiros e americanos subscreveram uma aliança para enfrentar “os esforços dos atores autoritários e antidemocráticos de extrema-direita para anular os resultados legítimos das eleições e arruinar nossas democracias”. Equiparam as invasões de domingo em Brasília ao ataque dos seguidores de Donald Trump à sede do Congresso dos EUA, em janeiro de 2021.

“Não é nenhum segredo que, no Brasil e nos Estados Unidos, agitadores de ultradireita estão coordenando esforços” — afirmam em documento. “Por causa das eleições brasileiras de 30 de outubro, o congressista brasileiro Eduardo Bolsonaro seu reuniu com o ex-presidente Trump, junto com os ex-assessores de Trump [na Casa Branca] Jason Miller e Steve Bannon, que estimularam Bolsonaro a impugnar os resultados das eleições no Brasil (…) Pouco depois das reuniões, o partido de Bolsonaro [PL] procurou invalidar milhares de votos. Todos os envolvidos devem prestar contas.”

Acrescentam: “As democracias se baseiam na transferência pacífica do poder. Assim como os extremistas de extrema-direita estão coordenando seus esforços para minar a democracia, devemos permanecer unidos em nossos esforços para protegê-la.”

Tanto em Washington quanto em Brasília aumenta a pressão sobre Bolsonaro, filhos parlamentares, aliados políticos e empresariais. Como ocorre no caso Trump, a discussão já não é “se”, mas “quando”.

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