“O Estado brasileiro, essa estrutura que tem os três Poderes com cargos aqui e ali, não é propriedade do governante, dos seus familiares, dos seus amigos, dos seus partidários. O Estado democrático de direito tem que ser bem administrado, porque representa o povo. Não se pode administrar essa máquina com o interesse seu, individual, como se a sua família, os amigos, os partidários, os financiadores de campanha, tivessem que ter privilégios. Então, nessa campanha temos de discutir, também, o papel do Estado, do Estado democrático de direito. E nas três dimensões. O Estado brasileiro é isso que nós disputamos em todas as eleições. Quem é que vai administrar essa máquina? Com que interesse? Para quem? Fiscalizado por quem? Nós temos um governo que reduziu o espaço da presença do povo no controle dessa máquina, nos conselhos de fiscalização, de intervenção comunitária, de proposituras e de acompanhamento de políticas. Foi tudo sendo reduzido e até eliminado. O Orçamento, já antes deste governo arbitrário, autoritário, neofascista, já tinha sido estilhaçado nas chamadas emendas parlamentares. Imagina, o dinheiro público fica à disposição do eleitoralismo, do favorecimento! (…) E, depois, veio um tal de orçamento secreto! É isso o que nós queremos com o nosso orçamento? (…) É preciso e nós temos que discutir essas coisas nessa campanha. Faz parte de uma visão do país e, também, de uma visão de mundo, e da construção efetiva da democracia, cada um de nós nos assumirmos como sujeito e não como objeto da política.”
(Olívio Dutra foi presidente do Partido dos Trabalhadores, prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul e ministro das Cidades de 2003 a 2005 no governo Lula.)