A inflação persiste, acaba de completar 24 semanas em alta, indicam dados do Banco Central.
Em São Paulo, empresários estão tomando duas decisões:
1) Riscam do planejamento qualquer tipo de comparação com 2020, o primeiro ano da pandemia. Só aceitam comparar produção, vendas e consumo de 2021 com os resultados do período pré-pandemia, ou seja, 2019;
2) Trabalham com cenários extremos para o próximo ano, marcado por eleições gerais. Isso porque não têm base realista para estimar a inflação durante o próximo ano eleitoral.
Ela já alcança dois dígitos no orçamento das famílias pobres (80% do eleitorado). E já se percebem mudanças nos hábitos de consumo — desde julho, sobem vendas de vestuário e caem alimentos e materiais de construção.
O problema central, porém, é como planejar negócios num ambiente inflação alta, persistente e disseminada por toda economia, com mistérios que, por enquanto, são impossíveis de desvendar.
Um deles: como será feita, no próximo ano, a recomposição de preços para quase um terço do produtos e serviços referenciais na composição do Índice de Preços no Atacado (IPCA), indexador relevante nos contratos empresariais?
É o caso do transporte público. Teve aumento de 3,8% nos últimos doze meses. É um segmento da economia que depende muito de energia e de combustível. Nos últimos oito meses, por exemplo, o diesel subiu 28%. E a inflação desse período foi de 5,7%.
Transporte público é fundamental na economia nas áreas urbanas, onde aumentou o número de famílias sem qualquer renda do trabalho. Eram 25% os domicílios nessa situação no primeiro trimestre. Ou seja, uma de cada quatro residências havia perdido todos rendimentos do do trabalho. Piorou, segundo o IPEA e o IBGE. Passou para um de cada três domicílios (31,5%) no segundo trimestre.
O impacto das tarifas de transporte público vai além das fronteiras do planejamento econômico. Influi no humor dos eleitores, porque potencializa a insatisfação do público pagante. Principalmente, em ano de eleição presidencial.