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Informação e análise
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Bolsonaro racha o PL e arrasta Valdemar para o tumulto eleitoral

Habituado a usar a ambiguidade para resolver impasses internos, o "dono" do Partido Liberal preferiu a eloquência do silêncio

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 set 2022, 07h18 - Publicado em 29 set 2022, 06h00

Valdemar Costa Neto está onde sempre esteve, os outros políticos é que ficam mudando de lado. Nos últimos 37 anos se manteve no Partido Liberal, que por breve período mudou de nome, Partido da República. É governista por vocação.

Costa Neto é um raro caso de político reconhecido em Brasília como “dono” de partido. Há duas décadas controla o caixa do PL, a burocracia, a bancada de 76 deputados e 7 senadores. Por cargos e verbas federais nos governos Lula foi condenado e preso no caso Mensalão, e depois processado no Petrolão. Compôs com o PP e o Republicanos o triunvirato do Centrão para controlar o orçamento do governo Jair Bolsonaro, a quem emprestou a legenda para candidatura à reeleição.

Bolsonaro inflou o PL com aliados, e alguns deles resolveram lutar internamente para abreviar o ciclo de poder de Costa Neto. O partido rachou. Em São Paulo, por exemplo, os  bolsonaristas atropelaram Costa Neto e seu acordo com o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tenta a reeleição. Aderiram a Tarcísio de Freitas (Republicanos), escolhido por Bolsonaro para disputar o governo estadual. Repetiram a fórmula em outros estados, como Goiás.

Ontem, ficou claro que Bolsonaro não apenas rachou o PL, como engajou o partido no seu plano de tumulto eleitoral. Costa Neto enredou-se na confusão bolsonarista. Ele e todos dirigentes nacionais do PL terminaram o dia como novos personagens de investigações eleitorais e criminais sobre difusão de notícias falsas sobre manipulação de urnas eletrônicas.

O caso começou um ano atrás, quando o então ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, convidou Carlos César Morentszon Rocha, engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal, para uma conversa com Bolsonaro em Brasília. Pontes, hoje, é candidato ao Senado pelo PL em São Paulo.

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Na conversa, Rocha apresentou um roteiro de críticas ao sistema de votação eletrônica desenvolvido com um quarteto de amigos, antigos estudantes do Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Embora questionáveis, eram adequadas ao objetivo de Bolsonaro, que tenta mimetizar táticas de tumulto eleitoral aplicadas por Donald Trump na campanha fracassada de 2020 nos Estados Unidos.

Bolsonaro pediu a Costa Neto que o PL contratasse a equipe de Rocha para auditoria eleitoral independente. Uma empresa foi criada em novembro do ano passado e Rocha passou a dar aulas sobre votação eletrônica a deputados bolsonaristas. Em meados deste ano produziu para o PL uma lista de sugestões de mudanças nas normas da Justiça Eleitoral para auditoria das urnas.

Costa Neto até levou Rocha ao gabinete de Alexandre de Moraes, presidente do tribunal eleitoral, mas o juiz só aceitou receber o presidente do partido. Ontem, ele integrou um grupo de convidados de Moraes em visita às salas de monitoramento. Sorriu o tempo todo e não reclamou.

No fim da tarde, o partido divulgou um documento, com timbre mas sem assinatura, no qual anunciou ter encontrado no sistema eletrônico de votação “24 itens identificados como falhas.”

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O TSE reagiu. Classificou as conclusões do PL como “falsas e mentirosas, sem nenhum amparo na realidade, reunindo informações fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral.”

Na sequência, o juiz Moraes determinou “apuração de responsabilidade criminal” da autoria do documento apócrifo; investigação “de responsabilidade do Partido Liberal e seus dirigentes” na difusão de notícias falsas às vésperas da eleição; e, também, de eventual uso de dinheiro do Fundo Partidário para financiamento de gastos com a “auditoria”.

Habituado a usar a ambiguidade para resolver impasses internos, Costa Neto preferiu a eloquência do silêncio. Para alguns dos seus aliados, sinalizou um avanço no confronto interno a partir da noite de domingo, depois de conhecidos os resultados das urnas. Mesmo que isso aconteça, é certo que aos 73 anos de idade o “dono” do PL  continuará onde sempre esteve — com o governo, qualquer que seja o eleito.

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