Como ‘Dungeons & Dragons’ foi de promessa a prejuízo nas bilheterias
Com Chris Pine e grande elenco, o blockbuster fantástico foi uma das principais estreias de abril, mas deve causar perdas ao estúdio Paramount
Ao longo do mês de abril, dois grupos de aventureiros passaram por longas jornadas e grandiosos castelos para derrotar forças do mal que ameaçavam o mundo: um animado, o outro live-action; um hit global de bilheteria, o outro não. Enquanto Super Mario Bros. – O Filme já supera a marca de 1 bilhão de dólares em arrecadação, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, que chegou uma semana após o desenho, luta para passar dos 200 milhões, apenas 50 a mais que seu orçamento. O que a qualquer um parece uma quantia enorme, para Hollywood é um número frustrante: a fim de se tornar lucrativo, um longa deve ter um retorno de, pelo menos, 2,5 vezes a quantia gasta para sua produção.
Sob tal lógica, Dungeons & Dragons deveria ter atraído cerca de 375 milhões de dólares — possibilidade que parece mais distante do que nunca. Há um mês em cartaz, o filme enfrenta um vilão maior que qualquer mago obscuro: a concorrência. Com a estreia em abril, a distribuidora Paramount procurava escapar do mercado saturado do verão americano, quando os maiores títulos do ano costumam ser lançados, mas foi pega de surpresa pelo sucesso de Super Mario — que apela ao mesmo nicho de fãs de jogos como a fantasia com Chris Pine — e John Wick 4: Baba Yaga — com quem compartilha o público devoto a filmes de ação. As semanas que sucederam à estreia, por sua vez, acumularam blockbusters como A Morte do Demônio: A Ascensão e O Exorcista do Papa, dividindo ainda mais o público.
Outra possível pedra no caminho do filme é sua própria marca. Apesar de seu êxito como jogo online, de tabuleiro físico clássico e de ser universalmente conhecida no Brasil graças ao desenho animado Caverna do Dragão, a história de Dungeons & Dragons não possui a mesma influência ao redor do globo, e teve que bater de frente com o personagem mais famoso dos games e franquias consolidadas, às quais, em comparação, se torna uma obra de nicho menor.
Algo que não obstruiu o caminho, porém, foi a crítica. Ao contrário da adaptação do ano 2000 estrelada por Jeremy Irons, o novo longa teve uma recepção calorosa e muito positiva. O agregador de notas americano Rotten Tomatoes contabiliza 90% de aprovação de profissionais e 93% de público. Segundo a própria VEJA, o filme “surpreende e diverte ao subverter obviedades das tramas de fantasia”. Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes continua em cartaz no Brasil — já nos Estados Unidos, ele acaba de ser disponibilizado para aluguel digital, oficialização do fim de sua jornada nas salas de cinema.