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Amor por ‘Titanic’, grana e improviso: por trás do submarino desaparecido

Embarcação da empresa OceanGate Expedictions é dirigida por um controle de videogame e não é aprovada por qualquer instituição regulatória

Por Thiago Gelli Atualizado em 21 jun 2023, 11h19 - Publicado em 20 jun 2023, 12h32

Em 1995, quando se preparava para realizar Titanic, o cineasta James Cameron decidiu estudar o navio a fundo — a 3.800 quilômetros de profundidade, para ser exato. Utilizando tecnologia russa de ponta e engenhocas inéditas para filmar sob a pressão do mar, ele captou imagens ao longo de doze mergulhos que, juntos, totalizaram algo entre 10 e 15 horas, segundo ele. A intenção era poder dimensionar a escala da tragédia. Mas o efeito colateral da empreitada de Cameron (e de seu filme, claro) foi o surgimento de uma febre viva até hoje — mais recentemente demonstrada pelo caso do submersível Titan, desaparecido em alto-mar desde domingo, 18, com cinco tripulantes que esperavam conhecer de perto os destroços do navio que naufragou no Atlântico Norte em abril de 1912.

A expedição malfadada é iniciativa da empresa OceanGate Expedictions, que vende ingressos a 250.000 dólares para fãs do filme, aventureiros e ricaços. Segundo o CEO Stockton Rush — atualmente desaparecido junto com o Titan —, há quem hipoteque sua casa para ter a chance de ver o navio. Ao contrário dos seguros submarinos russos que Cameron tripulou, no entanto, o equipamento é uma nave improvisada que nem ao menos pode ser chamada de “submarino”. O termo correto é submersível, devido à dependência de uma plataforma de apoio para entrar e sair da água. Para ser um dos tripulantes a bordo do espaço apertado, é necessário assinar um contrato que avisa: “Este é um submersível experimental que não foi aprovado ou certificado por qualquer instituição regulatória e pode resultar em ferimentos, deficiências, trauma emocional ou morte”.

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Em dezembro, o repórter David Pogue, da CBS, assinou o termo e passou por todo o processo vendido pela empresa a fim de produzir uma reportagem televisiva de 10 minutos. Em sua apuração — que acumulou mais de 8 milhões de visualizações no Twitter entre 19 e 20 de junho —, ele nota os elementos improvisados na embarcação: luzes compradas em loja de departamento, um botão de elevador, um “banheiro” composto por uma garrafa de plástico apenas e, talvez o mais alarmante, um controle de videogame usado como volante. Questionado sobre as falhas estruturais, Rush afirmou que a expedição “não deve exigir muita habilidade” e garantiu a segurança: “A cabine de pressão foi feita com a ajuda da Boeing e da NASA, então tudo, o motor e as luzes podem falhar, mas você ainda estará seguro”.

Na ocasião, porém, Pogue não conseguiu completar a viagem, que foi cancelada devido a ondas altas demais. Depois, quando a equipe tentou navegar o submersível em área mais calma do oceano, um erro técnico impediu que chegassem a mais de 37 metros de profundidade. Uma das clientes, a bancária Renata Rojas, chorou em frente ao repórter enquanto relatava sua frustração: após três tentativas de realizar a viagem, ela ainda não havia conseguido chegar ao Titanic, seu sonho de vida. Ao fim da reportagem, porém, o êxito chegou e ambos visitaram o famoso navio, visível por uma pequena janela e telas de computador dentro do submersível.

Atualmente, o Titan está perdido em alto-mar e é alvo de busca frenética — o estoque de oxigênio da nave é de 96 horas, ou quatro dias. Estão desaparecidos Rush, o bilionário britânico Hamish Harding, o marinheiro francês Paul-Henri Nargeolet e os paquistaneses Shahzada Dawood e seu filho Suleman, parte de uma das famílias mais abastadas do país. A única saída do veículo é uma porta selada por 17 parafusos e a embarcação não possui rastreadores.

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