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Sopa de verão

Sugestão para os dias quentes, à base de vegetais crus: o refrescante gazpacho andaluz

Por J.A. Dias Lopes Atualizado em 30 jul 2020, 21h03 - Publicado em 30 jan 2017, 12h43
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  • Se estivéssemos na Espanha e fosse verão, o prato mais preparado seria o gazpacho andaluz. Trata-se de uma sopa fria e refrescante, à base de vegetais crus – tomate, pão, pimentão, alho, vinagre de vinho ou Jerez, azeite, sal, pimenta e água gelada; no final, acompanham pão torrado em cubinhos, além de ovo cozido, presunto, cebola, pimentão, tomate, pepino e cebolinha verde, tudo picado.

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    O gazpacho alargou seu prestígio internacional ao aparecer no filme “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, de 1988, premiadíssima comédia dramática espanhola  dirigida por Pedro Almodóvar, que tem no elenco Carmen Maura, Fernando Guillén, María Barranco, Julieta Serrano, Antônio Banderas e Rossy de Palma. O enredo beira o histerismo.

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    A personagem Pepa Marcos, vivida pela atriz Carmen Maura, está grávida, mas ninguém sabe. Residente em Madri, desespera-se por ter sido abandonada pelo amante Ivan (Fernando Guillén), que rompeu com ela deixando apenas um recado na secretária eletrônica. Precisa encontrá-lo, reconquistá-lo em seus braços.

    MULHERES A BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS
    Cena do filme: Lucia, a mulher do amante de Pepa, joga a sopa na rival (Divulgação)

    Enquanto procura o amante para saber o motivo do rompimento, recebe a visita de Candela (María Barranco), sua melhor amiga, que se apaixonou por um terrorista xiita: teme ser presa pela cumplicidade afetiva e prefere se matar a ter que enfrentar a polícia. Também aparece Lucia (Julieta Serrano), a mulher do amante. Acabou de sair de uma instituição para doentes mentais, fingindo sanidade.

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    Mais tarde chega Carlos (Antônio Banderas), o filho do amante, acompanhado da noiva Marisa (Rossy de Palma). O casal procura um imóvel para alugar. Sem saber, Marisa bebe o gazpacho andaluz cheio de soníferos, que Pepa tinha feito para dar ao amante, caso aparecesse. Em uma das melhores cenas, a mulher dele, Lucia, ameaça Pepa de morte. Aponta-lhe dois revólveres, mas desiste de atirar e joga um copo de gaspacho no rosto da rival. Todas as mulheres, sejam fortes, frágeis, inseguras, arrependidas, intimidadas, corajosas ou malucas, encontram-se à beira de um ataque de nervos.

    O gazpacho andaluz é um prato de ascendência camponesa. Como o nome indica, originou-se na ensolarada região da Andaluzia, berço de outros estereótipos da Espanha: o flamenco, o Jerez e as tapas, por exemplo. Os homens do campo o consumiam por ser fácil de preparar, gostoso de comer e por intuição nutricional: reúne todas as substâncias necessárias para quem enfrenta o sol no duro trabalho rural. É fonte de vitaminas, cálcio, enxofre, ferro, fósforo, flúor, magnésio, potássio, sódio, fibras, ácido oleico e licopeno, a substância que dá a cor avermelhada ao tomate.

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    “É um prato que teve êxito porque está dentro das idéias vitamínicas do nosso tempo”, sustenta o escritor catalão Néstor Luján (1922-1995), no livro “Como Piñones Mondados” (Ediciones Folio, Barcelona, 1994). O médico, cientista, historiador, escritor e filósofo espanhol Gregório Marañon (1887-1960), qualificou-o de “sapientíssima combinação de todos os simples alimentos fundamentais para uma boa dieta”. Beneficiado pela relevância dada ao valor nutricional dos alimentos, o gazpacho andaluz entrou em moda.

    Os espanhóis dizem que os vegetais são o “corpo” da receita, porém a “alma” é o tomate,  precioso fruto do tomateiro. Nativo das regiões andinas da América do Sul, foi levado para a Europa no século 16. O gazpacho mais conhecido é elaborado com ele, mas não desfruta da mesma importância no homônimo de La Mancha, região imortalizada por Miguel de Cervantes no livro D. Quixote, do século 17.

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    Os dois seguem receitas opostas. O gazpacho manchego não é uma sopa, mas guisado úmido, servido quente. Comida de inverno, tem como ingrediente principal uma torta de pão crocante, cortada em pedaços e cozida com carne de caça. Foi a ele – e não ao andaluz – que se referiu o gorducho e ingênuo Sancho Pança, fiel escudeiro de D. Quixote, quando abandonou a ilha Barataria: “Prefiro fartar-me de gazpachos do que sujeitar-me à miséria de um médico impertinente que me mate de fome”.

    Uma variação da receita andaluza é o salmorejo cordobés, típico da cidade de Córdova, igualmente na Andaluzia. É uma sopa cremosa à base de tomate, alho, migas de pão, azeite, vinagre, sal e às vezes pimentão. Há outras do mesmo estilo na Espanha e no mundo. Entretanto, comparam-se em excelência só a polonesa, russa, ucraniana, lituana ou romena bortsch (feita sobretudo com beterraba), e a americana  vichyssoise (alho-poró, cebola, batata, nata e caldo de galinha), criada em Nova York, na cozinha do hotel Ritz-Carlton, pelo chef francês Louis Diat. “De gazpacho no hay empacho (indigestão)”, afirma o provérbio espanhol.

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    GAZPACHO ANDALUZ – RENDE CERCA DE 8 PORÇÕES

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    INGREDIENTES

    ACOMPANHAMENTO

    PREPARO

    1. Corte o pão em pedaços e deixe-o amolecer em um pouco de água, por pelo menos 30 minutos. Após, esprema o excesso de água.

    2. Corte os tomates, os pimentões, o alho e o pepino em pequenos pedaços.

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    3. Em um liquidificador, ou centrífuga, coloque os tomates, os pimentões, o alho, o pepino e o pão. Junte o azeite e o vinagre. Incorpore um pouco da água e bata até obter um purê.

    4. Passe por uma peneira, espremendo bem os ingredientes com as costas de uma colher. Junte a água que sobrou e tempere com sal e pimenta.

    5. Sirva o gazpacho gelado, com os ingredientes do acompanhamento.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

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