Ao demitir Albuquerque, Bolsonaro passa fatura da eleição a Paulo Guedes
Presidente prioriza plano de se descolar do aumento no preço dos combustíveis e blindar o governo para a eleição presidencial
Os sinais dados pelo presidente Jair Bolsonaro no decorrer dos últimos meses foram claros: mais importante do que de fato resolver a escalada do preço dos combustíveis é evitar que o problema se transforme na sua maior âncora na eleição. Anunciada nesta quarta-feira, a demissão de Bento Albuquerque faz mais do que tirar de cena quem possa simbolizar de alguma forma o rombo no bolso do eleitor. Ela permite ao presidente indicar um novo responsável pelo problema.
Em última instância, essa pessoa passa a ser o ministro da Economia, Paulo Guedes. Escolhido como novo ministro, o até então secretário especial do Ministério da Economia Adolfo Sachsida é homem da extrema confiança do Posto Ipiranga. Mais do que isso, é bolsonarista de carteirinha. Reúne, portanto, todas as condições para dar sustentação ao plano de Bolsonaro de isentar o governo da responsabilidade pela disparada do preço nas bombas.
Bolsonaro sabe que colar o alto preço dos combustíveis no governo é tudo o que quer o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu maior adversário na corrida ao Palácio do Planalto. E este é um dos pilares da nova estratégia que vem sendo desenhada pelo time de comunicação do petista. A ideia é repetir à exaustão que a vida dos brasileiros era melhor nos tempos de Lula. A gasolina e o álcool eram mais baratos. O gás nem se fala. Sem contar que o salário mínimo subia além da inflação.
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