Brasil teve ao menos 26 tremores de terra em março
Dados do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília indicam que o fenômeno é comum; especialistas afirmam que incidente raramente oferece risco
Tremores de terra foram sentidos na manhã desta segunda-feira em algumas cidades brasileiras das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, o que provocou a evacuação de prédios. O fenômeno foi consequência de um terremoto de magnitude 6,8 na escala Richter registrado no sul da Bolívia. Especialistas, no entanto, garantem que pequenos abalos como esses ocorridos no Brasil são extremamente comuns e raramente oferecem riscos.
Apenas em março, 26 tremores foram registrados pelo Observatório Sismológico (Obsis), da Universidade de Brasília (UnB), em municípios brasileiros – alguns deles com magnitudes de até 4,3 na escala Richter.
“O Brasil está localizado bem no meio da placa tectônica, por isso não ocorrem terremotos com magnitudes tão grandes quanto os de outros países da América Latina”, afirma Juraci Carvalho, sismólogo do Obsis. “No caso da Cordilheira dos Andes, que inclui a Bolívia, a região é uma zona de conflito entre a placa de Nazca e a placa Sul-Americana. Isso faz com que vários tremores fortes ocorram quando as placas colidem.”
Mas isso, segundo Carvalho, não significa que os tremores não possam ser sentidos no Brasil. “A questão é que, na maioria das vezes, eles ocorrem em áreas com poucos habitantes e, consequentemente, não são noticiados”, diz. “Em 1955 tivemos dois tremores com magnitude acima de 6, um deles no Mato Grosso e outro no litoral do Espírito Santo.”
No caso do terremoto desta segunda-feira, apesar de o tremor ter sido bem intenso na Bolívia, aqui no Brasil ele foi bem suave. “O terremoto em seu epicentro teve uma magnitude bem expressiva, mas ele ocorreu mais de 500 quilômetros abaixo da superfície. A essa distância, poucos danos poderiam ter sido causados”, afirma o pesquisador. “Porém, terremotos mais profundos, geralmente, reverberam em locais com distâncias maiores, o que explicaria ele ter sido sentido aqui no Brasil.”
Alguns prédios balançaram e tiveram de ser evacuados por medidas de segurança em São Paulo e Brasília. Carvalho, no entanto, ele afirma que nem todos puderam sentir o tremor. “Os prédios bem altos funcionam como pêndulos quando esses tremores acontecem, fazendo com que os andares mais altos balancem levemente. Ainda assim, para isso acontecer, é necessário que eles estejam em uma posição muito específica, orientados exatamente na direção do evento”, explica. Como São Paulo e Brasília têm muitos prédios altos, um maior número de ocorrências do tipo foi registrado.
Carvalho afirma, ainda, que não é possível prever se outros terremotos serão sentidos nos próximos dias nessas capitais, mas diz que, no momento, não há motivo para alarme. “É improvável que um evento represente um risco à população – na literatura, não há registros de estragos provocados por tremores com magnitudes tão baixas.”