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‘Queria que eles voltassem’, diz amigo de homens confundidos com bandidos

Guardas municipais reagiram a assalto, mataram Rodinei Alves e Bruno Nascimento e prenderam Kauê Francisco — imagens comprovam a inocência do trio

Por Giovanna Romano Atualizado em 18 out 2019, 11h53 - Publicado em 18 out 2019, 11h51

Na data dedicada à padroeira do Brasil, três vendedores ambulantes foram ao superlotado Santuário de Aparecida com o objetivo de vender 1,5 mil picolés, além de caixas de copinhos de água. Voltando para casa, com parte dos produtos já vendidos, o trio parou para abastecer o carro. Guardas mataram dois dos vendedores e prenderam o terceiro por estarem supostamente envolvidos em um assalto. Em uma reviravolta, descobriu-se que eles não tinham relação alguma com o crime. “Nada vai trazer os meus amigos de volta”, relatou a VEJA o sobrevivente, Kauê Oliveira Francisco.

O jovem de 21 anos afirma que não esquecerá as últimas cenas ao lado de seus colegas de trabalho. Rodinei Alves dos Reis, Bruno Nascimento de Souza e Kauê costumavam vender mercadorias na rua em eventos como jogos de futebol e shows. O único sobrevivente ficou emocionado ao contar a história à reportagem e preferiu não responder a outras perguntas. Ele diz que sente falta dos amigos. Para o jovem, o ocorrido poderia ser um apenas um pesadelo. “Queria que eles voltassem”, afirmou.

Imagens de câmeras de segurança de um posto de gasolina no km 35 da rodovia Ayrton Senna mostram o momento em que os Guardas Civis Municipais (GCMs) foram vítimas de uma tentativa de assalto e reagiram. No vídeo, quatro pessoas conversam perto de uma moto amarela quando dois homens chegam ao local andando e anunciam o assalto. Nesse momento, um veículo prata, que levava os ambulantes, estaciona em uma bomba de combustível ao lado da cena do crime.

Os dois GCMs reagem ao assalto e começam a atirar em direção aos dois criminosos que tentam fugir na moto. Entretanto, um dos guardas começa a disparar diversos tiros para dentro do veículo estacionado, que não teve envolvimento com a cena. Os três ambulantes que estavam dentro do carro foram atingidos. Rodinei e Bruno morreram no local, assim como a namorada de um dos guardas.

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As imagens ainda mostram que Kauê, mesmo baleado, consegue sair do veículo andando e pede socorro. O guarda que disparou contra o veículo vê o jovem caminhando e começa a agredi-lo, com pontapés, chutes e coronhadas. Em seguida, Kauê é amarrado com uma corda jogada por um dos frentistas do posto de gasolina. O ambulante foi apontado como um dos autores do crime e preso preventivamente.

A primeira versão dos guardas era que os assaltantes saíram do veículo prata que estacionou no posto de gasolina e, então, realizaram o assalto. Porém, as imagens da câmera de segurança contestam o depoimento dos guardas e estão sendo utilizadas como prova a favor do trio. Um vídeo de Rodinei, Bruno e Kauê indo a Aparecida também comprova o álibi do sobrevivente — nas imagens, os três aparecem no carro com caixas de isopor ocupando dois dos três bancos traseiros. No outro lugar, Bruno dormia.

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Na tarde da última quarta-feira, 16, familiares e amigos do trio realizaram um protesto por justiça em frente ao Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa de Mogi das Cruzes. “Rodinei e Bruno, saudades. Kauê, queremos justiça. Solta o Kauê e prende os culpados”. O jovem foi solto na noite do mesmo dia por ser considerado inocente.

O Setor de Homicídios de Mogi das Cruzes disse que vai aguardar laudos para avaliar os dois guardas municipais que reagiram ao assalto. Os responsáveis foram afastados do trabalho e a prefeitura de Itapecerica da Serra instaurou um procedimento administrativo para apurar os fatos. A prefeitura informou que “lamenta o triste episódio”.

Confira o vídeo dos amigos indo vender as mercadorias em Aparecida:

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