Agentes da Polícia Federal (PF) e funcionários da Secretaria de Segurança Pública do Amapá sobrevoaram no sábado, 3, a terra indígena onde morreu o cacique Emyra Waiãpi, mas não encontraram indícios de que a região tenha sofrido invasões. Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) informou que também não foram localizados garimpos na região.
As autoridades estiveram na terra indígena para exumar o corpo de Emyra. O chefe de uma das aldeias da etnia waiãpi foi encontrado morto no último dia 23. O corpo estava caído em um rio e, segundo os índios, apresentava perfurações. Relatos apontam que ele teve o órgão genital decepado e os olhos furados.
O MPF estima que o laudo necroscópico ficará pronto em até 30 dias. Segundo o Conselho das Aldeias Waiãpi (Apina), que representa o povoado indígena, os peritos realizaram a autópsia em aproximadamente três horas. Em nota, a Apina informa que os especialistas decidiram não levar o corpo para a capital Macapé. O procedimento foi efetuado na própria aldeia onde Emyra foi enterrado.
A Apina vem divulgando uma série de relatos de waiãpi que avistaram não-indígenas na região. Algumas denúncias apontam para a presença de homens armados no território. No último comunicado que veiculou, a entidade diz ter recebido filmagens que comprovariam a existência de rastros deixados por invasores na proximidade de uma das aldeias.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) esteve reunido com os waiãpi na última semana e acusou a PF de agir com “má vontade” no caso. Além dos resultados da autópsia, o MPF aguarda um relatório produzido pelos policiais federais para prosseguir com as apurações.
Há duas investigações em curso. A procuradora da República Lígia Cireno cuida dos casos que tratam da morte do cacique e das denúncias de invasão de terra e de garimpos ilegais. Já o procurador da República Alexandre Guimarães conduz um inquérito para apurar a eventual omissão de órgãos públicos que deveriam garantir a proteção territorial dos waiãpi.