O ano de 2016 marcou os dez anos da Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher no Brasil. O machismo se tornou um tema cada vez mais forte em redes sociais. Porém, esse tipo de crime continua assustando e chocando a população.
De acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde, de 2014, pelo menos 13 mulheres são assassinadas por dia no país. Essa é considerada a quinta taxa mais alta do mundo. Em 2016, as agressões se deram dentro e fora de casa. E até mesmo uma juíza especializada em violência doméstica foi atacada dentro do Fórum onde trabalhava, em São Paulo.
Ataque no Fórum
Em março, o vendedor Alfredo José dos Santos, 36 anos, manteve a juíza Tatiane Moreira Lima refém por 30 minutos, sob a ameaça de incendiá-la, dentro do Fórum do Butantã, na zona oeste da capital paulista. De acordo com a polícia, a intenção dele era a de matar a magistrada e depois se suicidar. Santos respondia em liberdade por violência doméstica. Ele permanece preso e foi indiciado por tentativa de assassinato, explosão e resistência. O acusado irá a júri popular em data a ser indicada pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri da Capital. O juiz é o mesmo que julgou o caso da bacharel em direito Elize Matsunaga, acusada de matar e esquartejar o marido Marcos Matsunaga, em 2012.
Luiza Brunet
No início de julho, a atriz Luiza Brunet, 54 anos, distribuiu uma nota em que acusava o seu ex-companheiro Lírio Albino Parisotto, 62 anos, de praticar violências físicas e psicológicas gravíssimas contra ela. Luiza alegou que deu publicidade ao caso para que “outras mulheres vítimas de violência tomem coragem e não se calem”. Brunet alega que teve as costelas quebradas pelo companheiro em Nova York, nos Estados Unidos, no último dia 21 de maio. Parisotto negou as agressões. O caso está sendo analisado pela Justiça paulista, mas ainda não houve decisão sobre as denúncias contra o acusado. Ele afirma que em diversas ocasiões foi agredido pela ex-companheira.
Estupro coletivo
Um dos crimes contra a mulher que chocaram o país em 2016 foi o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos ocorrido em maio, no Morro do Barão, no Rio de Janeiro. A adolescente foi estuprada duas vezes e humilhada com xingamentos, depois de sair de um baile funk. A notícia ganhou visibilidade depois que um vídeo da agressão caiu nas redes sociais. Em um primeiro momento, foi noticiado que pelo menos 30 homens teriam participado do crime bárbaro. Após a investigação da polícia, sete deles foram denunciados pelo abuso da menina, que estava inconsciente no momento da agressão sexual. O delegado Alessandro Thiers, primeiro a atender o caso, foi exonerado da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática por ter identificado os primeiros envolvidos, mas não ter pedido a prisão deles à Justiça.
Joelhadas
As imagens de uma jovem de 18 anos agredida com tapas, socos e diversas joelhadas no rosto, no interior paulista, também chocaram pela violência. O crime aconteceu em outubro, na pequena cidade de Álvaro de Carvalho, no interior paulista. As câmeras de segurança de um bar registraram a agressão. O acusado, Kelvin Luiz Assis Soares, 24 anos, é filho de um vereador e tem uma filha de três anos com a vítima, sua ex-namorada. Ele vai responder por lesão corporal grave e desacato. Soares se entregou uma semana após o crime.
Morte na família Sarney
A publicitária Mariana Menezes de Araújo Costa Pinto, 37 anos, sobrinha neta do ex-presidente José Sarney, foi assassinada dentro de seu apartamento, em São Luís, no Maranhão. Réu confesso do crime, o empresário Lucas Porto, cunhado da vítima, afirmou à polícia que a morte foi motivada por uma “paixão incontida” que ele sentia por Mariana. No dia do crime, em novembro, Porto aparece em imagens do circuito interno de TV do prédio deixando a jovem e as duas filhas dela no local, após um culto. Depois disso, ele volta ao apartamento e em seguida desce as escadas de emergência. Faz um telefonema e deixa o local em um carro. No mesmo dia, Mariana foi encontrada desmaiada. A investigação concluiu que a morte se deu por asfixia. Ele responde pelos crimes de estupro, homicídio e feminicídio.
Crime no Paraíso
A assessora técnica Edna Amaralina da Silveira, 28 anos, foi morta com oito tiros disparados pelo seu ex-namorado no apartamento onde morava no bairro do Paraíso, na zona sul da capital paulista. Hugo Alexandre Garich, 50 anos, é acusado de se aproveitar da chegada de um entregador de pizzas para conseguir entrar no apartamento. Havia ordens expressas na portaria para impedir a sua entrada. A cena foi registrada pelo circuito interno do prédio em que a vítima morava. Outro homem que acompanhava Edna foi ferido, mas sobreviveu. O entregador de pizza foi liberado sem nada sofrer. Garich foi detido dias depois, em Minas Gerais, e segue preso.