Caso Henry: em carta inédita, Jairinho empodera advogado de goleiro Bruno
VEJA obteve documento exclusivo escrito pelo ex-vereador delegando a Lúcio Adolfo o processo da morte do menino, em meio à acirrada disputa entre advogados
A briga entre dos advogados do médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, tem um novo capítulo desenrolado. Em uma carta obtida com exclusividade por VEJA, o político preso pelo assassinato do menino Henry Borel, de 4 anos, em março do ano passado, delega ao advogado Lúcio Adolfo da Silva o comando de sua defesa no processo que julga o caso. Datado da última quinta-feira, 17, o documento escrito à próprio punho é revelado após o vazamento de um áudio à reportagem e em meio a uma intensa disputa por protagonismo entre a equipe – recentemente constituída após a saída de Braz Sant’anna no processo – conforme VEJA vem mostrando desde outubro do ano passado. Experiente criminalista, Adolfo também defendeu o goleiro Bruno, acusado de assassinar Eliza Samudio.
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Advogado do goleiro Bruno deixa defesa de Jairinho após cartas
“Eu Jairo Souza Santos Júnior, declaro que o Dr. Lúcio Adolfo da Silva, OABMG 56397, é o meu advogado, ratifico os poderes outorgados devendo dirigir e comandar o processo que tramita no Segundo Tribunal do Júri (0066541-75.2021.8.19.0001) qualquer advogado para permanecer no processo apenas os advogados autorizados pelo Dr. Lúcio Adolfo após notificação aberta ao declarante”, escreveu o ex-parlamentar. “ Declaro ainda que prestei essas declarações sem qualquer coação, pressão ou cobrança. Por fim, reconheço as estratégias defencivas (sic) do Dr. Lúcio Adolfo, concordando na sua integralidade! Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 2022. (11:50 am)”, finalizou.
Na mesma data da carta, o advogado Fabiano Lopes, ligado a Flávia Fróes e que recentemente ingressou na enorme equipe de criminalistas constituída por Jairinho, procurou a reportagem de VEJA afirmando que teria substituído Lúcio Adolfo no processo. Ele não apresentou, contudo, procuração ou documentação desse suposto ato. Procurado na manhã desta segunda-feira, 21, Lopes não se manifestou. Após a publicação desta reportagem, novas cartas vieram à tona e mostram a cisão do grupo de Flávia Fróes com Lúcio Adolfo.
Na última sexta-feira, 18, a reportagem de VEJA obteve um áudio de Flávio Fernandes, ex-advogado do pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel, dizendo que ele “comanda” o processo. O criminalista chegou a a atuar como assistente do Ministério Público na acusação. A gravação revela que o criminalista estaria atuando também no caso Henry, o que pode configurar os crimes de tergiversação e patrocínio infiel. Procurado nesta segunda-feira, 21, ele declarou que não atua no processo do menino Henry – embora atue na defesa de Jairinho no caso de tortura de uma das crianças, filhas de ex-namoradas, reveladas por VEJA em abril do ano passado.
“Eu é que comando isso aí, porque eu fui assistente de acusação. E objetivo era eu entrar porque era assistente de acusação, o assistente de acusação que saiu do processo porque discordava dos métodos o Leniel, entendeu?”, diz Fernandes em um trecho do áudio.
O criminalista trabalhou com Leniel Borel até 18 de junho de 2021, quando pediu formalmente a exclusão de seu nome do rol de advogados que representa a assistência de acusação. Fernandes, no entanto, manteve estreito contato com o pai de Henry até 22 de janeiro, quando saiu de um grupo de WhatsApp do qual fazia parte, ao lado de outros defensores. A desconfiança de que Fernandes poderia estar fazendo jogo duplo, levou Leniel a ingressar com uma representação contra ele na Ordem dos Advogados do Brasil, no mês passado.
Ouça a íntegra da Mensagem: