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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O ovo poché do ministro Guedes

O fechamento do restaurante favorito do ministro ilustra a dificuldade de o governo reanimar a economia

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jun 2020, 17h44 - Publicado em 30 jun 2020, 12h05

O colunista Ancelmo Gois colocou no seu blog o vídeo da chef Teresa Corção, dirigido a um de seus de fãs, o ministro da Economia, Paulo Guedes. No vídeo, a chef conta a mesma história de dezenas de milhares de outros pequenos empresários capturados pelo drama da pandemia de Covid-19. Forçada pelas normas sanitárias a deixar de atender, Corção tentou obter crédito via os programas oficiais. Não conseguiu.

“Oi Guedes, posso chamar de Guedes?, o senhor gostava de ir no meu restaurante, gostava do nosso pão de queijo. Eu queria lhe avisar que fechou aquele restaurante que lhe recebia com tanto carinho”, contou a chef.

Assim como o restaurante Navegador tocado por Corção, três de cada quatro donos de pequenos negócios tentaram e não conseguiram linhas de empréstimos que lhes permitissem sobreviver aos meses de pandemia. Os números de falências e concordatas só não explodiram ainda porque muitos se seguram com o adiamento no pagamento de impostos, mas este é curativo para um corpo com hemorragia.

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Guedes se comoveu com o vídeo. Disse lamentar o fim do Navegador e seu estupendo picadinho com ovo poché. “Teresa, pode ter certeza de que estamos trabalhando dia e noite para reduzir a devastação econômica desta pandemia”, disse o ministro. É um bom sinal quando um ministro da Economia enxerga os efeitos da sua política. Mas não basta. O dinheiro precisa chegar a quem precisa.

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O governo reservou R$ 40 bilhões para ajudar empresas a pagar suas folhas de salário durante a coronacrise, mas menos de R$ 2 bilhões chegaram de fato. Mesmo com o governo assegurando parte do pagamento, os bancos mantiveram a cautela de emprestar apenas para empresas com garantias, o que elimina aquelas com maior necessidade.

Como definiu recentemente o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, em depoimento à Comissão Mista do Congresso que acompanha a atuação do governo no combate à pandemia, o aumento abrupto da procura por empréstimos “é a demanda dos desesperados”. Como se atender empresários desesperados não fosse exatamente a intenção de um programa de crédito de emergência.

O fracasso dos programas federais de crédito foi tamanho que o governo enviou uma medida provisória redesenhando o projeto, ampliando as garantias e não exigindo mais que as empresas mantenham todos os funcionários para receber empréstimos. Ao mesmo tempo, o Banco Central assumiu o papel de financiar empresas comprando debentures, o BNDES prepara um programa de linhas de crédito para micro e pequenos empresários e grandes empresas foram autorizadas a emprestar para fornecedores. São medidas excepcionais para tempos excepcionais. A questão é se essas medidas não chegarão tarde demais, quando outras tantas Teresas Corção já tiverem desistido.

O fim do ovo poché do restaurante Navegador é um detalhe no oceano de más notícias da pandemia, mas ilustra a dificuldade dos anúncios grandiosos feitos em Brasília se tornarem realidade. Para o Brasil chegar inteiro a 2021, Paulo Guedes e sua equipe precisam salvar empregos e empresas. Caso contrário, quem não chegará a 2021 será o próprio Guedes.

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