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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Um Lugar ao Sol’: Por que o clichê dos gêmeos opostos atrai a audiência?

Conceito pop da literatura, o chamado 'duplo' vai de Shakespeare às novelas da Globo alfinetando o que há de melhor e pior no espectador

Por Marcelo Canquerino Atualizado em 8 nov 2021, 18h20 - Publicado em 8 nov 2021, 16h31

Após os vários obstáculos impostos pela Covid-19, a Rede Globo apresenta na noite desta segunda-feira, 8, Um Lugar ao Sol, sua primeira novela da faixa das 9 inédita desde o início da pandemia. A trama, criada e escrita por Lícia Manzo, gira em torno dos gêmeos Christian e Christofer, interpretados por Cauã Reymond. Eles são separados no nascimento após a morte da mãe durante o parto. Christofer é adotado por um casal de ricaços do Rio de Janeiro e rebatizado de Renato pela nova família. Já Christian é deixado pelo pai em um abrigo para menores. Os dois crescem em realidades completamente opostas e, quando finalmente se encontram — em decorrência de uma tragédia anunciada —, Christian acaba assumindo a identidade de Renato.

A trama dos gêmeos opostos é um velho e apetitoso recurso da dramaturgia. Ele vai e volta por um motivo simples: o clichê do gêmeo bom versus mal, rico versus pobre, atrai audiência. A explicação vai além do apelo de se ter Cauã Reymond em dose dupla na tela e a resposta cai em outra máxima que diz: Freud explica. Na literatura e na psicanálise, a ideia dos gêmeos opostos é conhecida como duplo. Sigmund Freud (1856-1939) foi um dos estudiosos que se debruçou sobre o conceito. Em seu livro, O Infamiliar, ele define o duplo como uma instância onde algo pode, ao mesmo tempo, ser familiar e estrangeiro, o que causa desconforto. De Dostoiévski a Shakespeare, a literatura usou e abusou dos gêmeos para mostrar faces diferentes de uma mesma moeda. Duas pessoas fisicamente iguais que são totalmente diferentes instiga o público a confrontar a si mesmo. Todos os seres humanos têm um lado bom e outro mal. Assim como boa parte gostaria de desfrutar, nem que só por um dia, da vida de outra pessoa com mais riquezas ou melhores qualidades.

Assim, vários irmãos — e principalmente irmãs — gêmeos das novelas cravaram espaço dentro do imaginário brasileiro. As mais famosas, sem dúvida, são Ruth e Raquel de Mulheres de Areia (1973 e, depois, ganhou um remake em 1993). Raquel, a megera malvada, vivia em pé de guerra com Ruth, que era doce e meiga, chegando ao ponto de se aproveitar de sua semelhança com a irmã para roubar o namorado dela. Em 1995, Cristiane Torloni encarnou o duplo da boazinha e da malvada em Cara e Coroa. A trama criada por Antônio Calmon explorava a troca de lugares: Fernanda, presa por matar o amante, e Vitória, que vai para trás das grades por um crime que não cometeu, descobrem na cadeia que são gêmeas e decidem assumir uma o lugar da outra. Em O Clone, icônica novela de Glória Perez que está sendo reprisada (pela milésima vez) no Vale a Pena Ver de Novo, também apresentou ao público gêmeos que, veja bem, não eram exatamente gêmeos. Vividos por Murilo Benício, Lucas é o certinho e Léo, seu clone, é o aventureiro. O assunto é inesgotável e o povo gosta.

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