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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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5 momentos em que as novelas de Gilberto Braga refletiram o Brasil

Afiado crítico dos poderosos e dos preconceituosos, o autor alfinetou de empresários e políticos corruptos até racistas

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 out 2021, 11h42

Ao longo de sua prolífica carreira, Gilberto Braga, morto nesta terça-feira, 26, levou à TV brasileira tramas afiadas e com contundentes críticas sociais e políticas. Confira a seguir cinco momentos marcantes de sua produção.

 

Dancin’ Days e o desejo pela liberdade

Sônia Braga na novela 'Dancin Days', da Rede Globo de 1979
Sônia Braga na novela ‘Dancin Days’, da Rede Globo de 1979 (Joel Maia/VEJA)

A abertura do popular folhetim de 1979 era embalada pelo grupo Frenéticas e a famosa letra que diz: “abra suas asas, solte suas feras, caia na gandaia, entre nessa festa”. A liberdade banhada em purpurina da novela era restrita à ficção. Em pleno Regime Militar, o Brasil acenava para a redemocratização, mas ainda estava sob a mão de ferro do governo. Seguindo um clima mundial, no qual a música Disco desafiava a tensão da Guerra Fria — e Os Embalos de Sábado à Noite, com John Travolta, era um sucesso global —, a novela foi um hit inesperado que marcou a história da TV brasileira na esperança por dias mais leves.

Corpo a Corpo e o racismo em horário nobre

Sônia (Zezé Motta) e Cláudio (Marcos Paulo) na novela 'Corpo a Corpo' -
Sônia (Zezé Motta) e Cláudio (Marcos Paulo) na novela ‘Corpo a Corpo’ – (//Divulgação)

Em 1984, Gilberto Braga evidenciou o racismo brasileiro com a novela Corpo a Corpo, na faixa das nove. Na trama, Sônia (Zezé Motta) é uma arquiteta de classe média que começa a namorar Cláudio (Marcos Paulo), filho de um empresário ricaço. O casal inter-racial lidava com o preconceito dentro e fora da trama. No roteiro, a família de Cláudio era contra o namoro, pois não queria netos “mulatinhos”. Na vida real, Zezé e Marcos Paulo foram atacados por comentários grotescos. A importância de trazer para a TV esse tema é algo elogiado por Zezé até hoje. “Foi um divisor de águas. Em 1984, graças a você falamos de racismo em horário nobre”, escreveu a atriz nas redes sociais após a morte de Braga.

Vale Tudo e uma banana para o Brasil

Novela Vale Tudo Banana
Novela Vale Tudo Banana (//Reprodução)

No dia 6 de janeiro de 1989, ano em que aconteceriam as primeiras eleições diretas para a Presidência da República, após mais de duas décadas de Ditadura Militar, o Brasil parou e se uniu diante de um objetivo: descobrir quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall), a vilã de Vale Tudo. A morte da personagem controversa guiou boa parte da novela de Gilberto Braga, que falava especialmente sobre ambição, corrupção e hipocrisia, temas que pairavam sobre o país naquela época – e continuam até hoje a assombrar a população. O capítulo derradeiro ficou marcado por outra cena e não pela descoberta do assassino – assassina no caso, Leila (Cassia Kis). No calor da revelação, o corrupto e detestável vice-presidente do grupo Almeida Roitman, Marco Aurélio (Reginaldo Faria), embarca em um avião para fugir do país e, enquanto sobrevoa o Rio de Janeiro, dá uma banana para o Brasil. Ao fundo, a música de Cazuza: “Brasil/ Mostra tua cara/ Quero ver quem paga/ Pra gente ficar assim”.

Anos Rebeldes e os bastidores da ditadura

Maria Lúcia (Malu Mader) e João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) em 'Anos Rebeldes' -
Maria Lúcia (Malu Mader) e João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) em ‘Anos Rebeldes’ – (//Divulgação)

Em 1992, já livre da censura, Gilberto Braga criou a aclamada minissérie que se embrenhava nos bastidores da Ditadura Militar. Da repressão violenta e da militância estudantil até o fim do regime, a trama acompanha o romance de Maria Lúcia (Malu Mader) e João Alfredo (Cássio Gabus Mendes), um amor constantemente atingido pelas aflições políticas do país: ela é avessa ao tema, e ele, um ativista feroz. A polarização entre eles vai além do período ditatorial. Ao ser ampliado, o impasse do casal reflete a sociedade brasileira como um todo.

Paraíso Tropical e a fome de poder

Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical -
Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical – (//Reprodução)

Exibida em 2007, a novela ficou famosa não pelos mocinhos, mas sim pelos vilões. Olavo (Wagner Moura) é um empresário ambicioso e sem escrúpulos. Ele se envolve com a esperta e também ambiciosa garota de programa Bebel (Camila Pitanga). Em uma cena marcante, e que causou burburinho no Senado brasileiro da vida real, Bebel sai da cadeia e se torna amante e laranja de um senador (Dennis Carvalho). Ao fim, ela depõe em uma CPI, na qual, em vez de se aprofundar nas acusações, prefere anunciar, feliz, seu ensaio nu para uma revista masculina. Na época, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), foi acusado de receber recursos de um lobista com os quais pagou despesas de uma suposta amante – que, veja bem, acabara de posar para a Playboy. Calheiros foi absolvido pelos colegas — e muitos deles criticaram a novela de Gilberto Braga.

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