Miá Mello defende a ciência em novo talk show: ‘Contra fake news’
Atriz fala a VEJA sobre sua estreia como apresentadora em programa científico 'Posso Explicar', lançado pelo Disney+
Humorista e atriz de filmes com bilheterias estrondosas, caso da franquia Meu Passado Me Condena, Miá Mello aceitou um novo desafio: apresentar o primeiro talk show nacional do Disney+. Produzido pelo National Geographic, o programa Posso Explicar chegou à plataforma na quarta-feira, 11, com uma premissa curiosa: misturar entrevista com convidados especiais a experimentos científicos. No primeiro dos 16 episódios, Fábio Porchat, por exemplo, aprende como sobreviver a um acidente nuclear e presencia a produção de uma nuvem com nitrogênio líquido enquanto compartilha experiências da própria vida.
Leve e divertido, o programa, que conta com a consultoria do físico Allan Rodrigues, pode ser assistido por toda a família. Entre os demais entrevistados estão Rita Lobo, Fafá de Belém, a empresária e influenciadora digital Bianca Andrade, Sabrina Satto e a escritora Djamila Ribeiro. Em entrevista à VEJA, Miá falou sobre a sua primeira experiência como apresentadora, a importância de se falar de ciência nos dias de hoje e o papel do streaming para os artistas. Confira trailer e a conversa:
Como foi assumir o papel da apresentadora? Foi ótimo. Um desafio muito grande. Eu mergulhei nesse processo. Imaginei que fosse tremer, mas chegou na hora e isso não aconteceu. Acredito que por causa de toda a dedicação antes do programa acontecer, do mergulho nos roteiros, de ensaios e tudo mais, eu me senti muito preparada para estar ali.
Como se preparou para falar sobre assuntos tão complexos? Eu fiz uma preparação de corpo mesmo pra conectar essa coisa do apresentador, que não é algo que sai com facilidade. Eu acompanhei toda a produção dos roteiros, então fui estudando cada tema, descobrindo algumas coisas na própria passagem de roteiro. Foi um trabalho que eu fiz como se eu estivesse apresentando um programa comum, mas ao invés de fazer um mergulho no convidado, fiz nos temas.
O Posso Explicar é um talk show científico, qual a importância de falar sobre ciência nos dias de hoje? É fundamental. Questionar a ciência é um desserviço gigantesco para a nossa saúde, pro nosso ensino, para a nossa educação, para tudo. Na ciência, um mais um é igual a dois, dois mais dois é igual a quatro, não tem como algo ser diferente no meio do caminho. Claro que nem tudo é uma ciência exata, mas a ciência, no geral, é muito mais fundamentada do que coisas que você vê por aí. A vacinação é um exemplo inquestionável. A gente precisa se vacinar para que os casos de Covid-19 caiam. Então temos que fazer tudo que estiver ao nosso alcance para levantar essa bandeira pró-ciência, pró-tecnologia, contra fake news, contra mentiras e conspirações.
A ciência é algo muito amplo, que tipo de temas o programa escolheu? Todo mundo tem alguma coisa pra falar sobre ciência, porque a ciência permeia a nossa vida. Por mais que eu tenha conversado com a Fafá de Belém, que é um ícone da música, sobre medicina, ela ampliou o assunto ao me contar que na época que engravidou da Mariana não tinha ultrassom e que ela é muito ligada às tradições indígenas, foge de remédio. Falei sobre o conceito de infinito com a Djamila Ribeiro e ela falou coisas lindíssimas, até um pouco sobre a vida pessoal, da relação com a filha. São vários temas. Mas eu estou ali para conversar sobre aquele tema, não sou a detentora do conhecimento, e eu acho que isso combina muito comigo, é uma postura que eu me sinto confortável.
O talk show é um modelo já consolidado, mas ainda é predominantemente masculino. Isso pesou na decisão de topar o desafio? Para topar o desafio não, mas é uma honra como mulher poder colocar um programa de ciência e tecnologia no Disney+, ainda mais sendo o primeiro programa nacional ali. Duas coisas me deixaram encantadas com todo o desafio: poder falar sobre ciência e tecnologia, assuntos que eu não domino, mas que tenho muito interesse, e também o fato de ir para o streaming e ser o primeiro do tipo a entrar no catálogo. Eu fico muito feliz porque isso abre possibilidades imensas.
Você é muito conhecida pelo lado comediante, e a ciência é assunto sério. Como foi conciliar essas duas coisas aparentemente opostas? Foi engraçado, e o Allan queria me matar porque eu perguntava o tempo todo, parecia aqueles alunos do fundão. O cientista tem uma trajetória de pensamento, e a minha cabeça vai de uma coisa pra outra e depois volta pra uma terceira. Mas dar leveza ao tema é importante porque as pessoas podem se identificar e consumir mais esse tipo de conteúdo. Eu acho importante que as pessoas vejam a facilidade com que a ciência pode ser difundida. A ciência acadêmica tem todo o seu valor, mas é importante mostrar que a ciência também pode ser entretenimento.
O programa vai estar disponível no Disney+, como você vê essas portas que o streaming tem aberto para os talentos da TV? Eu acho maravilhoso. Primeiro como telespectadora, porque sou uma consumidora assídua de séries e filmes e assino todos. Como artista eu fico muito feliz porque abre camadas que, se eu estivesse em um lugar só, seriam pouco exploradas. Como atriz e agora apresentadora, vejo como positiva a variedade de lugares para expor o nosso trabalho, não ficamos presos a um lugar só, não precisamos fazer coisas às vezes sem concordar porque é o único lugar possível. E como tudo na vida, a qualidade sobe, porque todo mundo está tentando vender o seu e eleva o nível. Todo mundo só tem a ganhar.
Vocês gravaram a série durante a pandemia, o assunto entrou no programa em algum momento? Não, eu fugi disso. Se fossemos falar sobre pandemia precisaríamos de um programa inteiro só para isso e eu estava cansada do tema. Queria falar de qualquer coisa menos de pandemia, e deu muito certo porque todo mundo está um pouco nesse clima, então foi um momento de alívio para todo mundo.