Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Tela Plana Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
Continua após publicidade

Em ‘Special’, protagonista com paralisia cerebral quebra estereótipos

Leve e divertida, atração da Netflix reforça a tendência das séries em que pessoas 'diferentes', na verdade, são bem comuns

Por Amanda Capuano 28 Maio 2021, 11h50

Poucas experiências na passagem para a vida adulta são mais caóticas do que a descoberta dos prazeres, por assim dizer, carnais — que o diga Ryan Hayes (Ryan O’Connell), o protagonista de Special, que ganhou uma segunda temporada na Netflix na semana passada. Recém-assumido homossexual e brigado com a mãe, o rapaz de 20 e poucos anos sai de casa e resolve explorar a sua sexualidade como um adulto independente. Mal sabia ele que logo entraria numa situação no mínimo constrangedora: um encontro com Tanner, seu “amigo colorido”, se torna um evento a três quando o rapaz leva junto o namorado, com quem mantém um relacionamento aberto há anos. A configuração pode dar um nó na cabeça de muita gente, mas não tanto para os jovens da mesma faixa etária dos personagens, que já se deparam com combinações do tipo em outras séries modernosas. Special, porém, tem um diferencial e tanto: Ryan (o da vida real e o da ficção) nasceu com paralisia cerebral e convive com limitações físicas notáveis por onde passa.

A condição não é costura para uma trama com ares de autoajuda. Special reforça uma tendência recente no mundo das séries na qual portadores de deficiência física ou transtornos mentais são protagonistas de histórias comuns, com dramas e alegrias, amores e desamores, mostrando o óbvio: são pessoas como todas as outras, que não podem ser limitadas às suas peculiaridades. Caso do sucesso televisivo The Good Doctor, que tem como protagonista um médico autista. Mas o filão tem muito a agradecer ao fenômeno do streaming. Independentes de patrocínios e apinhadas de títulos para todos os gostos, as plataformas on-line se mostraram uma casa ideal para as histórias que não conseguiram espaço em outros meios — forçando, na outra ponta, que a TV também se movimente para encontrar novas narrativas. Outro exemplo bem-sucedido é a dramédia Atypical, da Netflix, em que um jovem autista passa pela montanha-russa da adolescência e busca sua independência. Ou até a pop Stranger Things, em que o personagem Dustin é representado pelo ator Gaten Matarazzo, que possui uma síndrome genética rara, chamada displasia cleidocraniana — em nenhum momento a síndrome ganha os holofotes na trama da Netflix, afinal, por que deveria?

Em comum, estes personagens enfrentam desafios intrínsecos ao amadurecer: da dor do coração partido e a dificuldade para cortar o cordão umbilical com os pais até a difícil percepção entre o que é sexo casual e o que é de fato um relacionamento. Nenhum desses elementos é inédito na TV. Eles se repetem à exaustão em todo tipo de série, especialmente em dramas juvenis como Gossip Girl, Sex in The City e, mais recentemente, Normal People. 

É claro que há particularidades na vida do protagonista de Special. Enquanto Ryan passa pelos mesmos dramas de todo jovem adulto, ele ainda precisa lidar com caras que fetichizam sua condição, preconceitos velados e limitações físicas, como não conseguir desempenhar determinada posição sexual. A série não foge ao debate, e trata todas as situações com seriedade, mas sem cair na armadilha de perder a leveza. O equilíbrio entre essas duas pontas é o que faz de Special uma ótima escolha para aqueles dias em que se quer apenas rir diante da TV. O crédito por isso é todo do ator e criador Ryan O’Connell. Criativo, irônico e ácido, ele lança mão da própria experiência para quebrar estereótipos sobre sua condição. Sim, pessoas com paralisia cerebral enfrentam dificuldades que nunca serão sentidas por quem não compartilha do diagnóstico, mas também choram como todo mundo, têm desejos, curiosidades sexuais e dúvidas em relação ao futuro. E assistir Ryan nessa jornada é um deleite.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.