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O triste papel dos generais que se renderam ao ex-capitão

A História não os absolverá

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 31 mar 2021, 09h59 - Publicado em 31 mar 2021, 08h00

Encantaram-se pelo quê os generais que servem ao presidente Jair Bolsonaro? O único que tem direito a responder que recebeu uma missão e que se sentiu obrigado a cumpri-la é Eduardo Pazuello, general da ativa, que trocou o quartel pelo Ministério da Saúde, e se deu mal. Os demais, da reserva, servem por decisão própria.

Não vale a desculpa de que aceitaram o convite porque assim prestam mais um serviço à pátria. Palavras vazias, frase feita, clichê ordinário. Uns servem porque eram amigos de Bolsonaro e se deixaram seduzir por ele. Outros, para ganhar mais dinheiro, status, apartamento de graça, despesas pagas e outras sinecuras.

Ah, a vaidade! Ah, o vil metal que compra tudo. A princípio, é do jogo. C’est la vie. O mal está na subserviência com que eles se comportam. De homens formados nas melhores academias das Forças Armadas, esperava-se que soubessem até que ponto ir, em respeito à farda e ao passado do qual se orgulham.

Normal, definitivamente não foi o presidente da República, em meio de mandato, promover uma reforma ministerial, essa, sim, algo normal, e aproveitar para demitir em conversa de 5 minutos o ministro da Defesa, e, no dia seguinte, mandar demitir sem explicação os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.

O que o ministro e os três comandantes tinham a ver com os problemas de falta de sustentação política que tanto fragilizam o presidente? Com as apostas erradas feitas por ele desde que tomou posse – desprezo pelo meio ambiente, política externa equivocada, excesso de radicalismo, passe livre para que o vírus mate?

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As atribuições das Forças Armadas estão definidas na Constituição. A elas não cabe interferir no dia a dia do governo, salvo em momentos excepcionais como uma pandemia. No caso, por exemplo, o que elas fizeram e estão fazendo comprova sua eficiência e a capacidade de planejamento dos seus comandantes.

Enquanto os civis à frente do governo, incitados pelo presidente da República, tomaram partido do vírus porque adversários políticos resolveram combatê-lo, os militares cumpriram à risca todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde. É um case de sucesso. A mortalidade entre eles é muito menor.

O general Edson Leal Pujol, o comandante do Exército ontem demitido, começou a cair em desgraça aos olhos de Bolsonaro justamente por tê-lo cumprimentado uma vez encostando seu cotovelo no dele, gesto prescrito por autoridades médicas. Bolsonaro jamais o perdoou por isso, mas não o demitiu por isso.

Bolsonaro quer um ministro da Defesa e comandantes das três Armas alinhados com seus objetivos políticos, e dóceis às suas ordens – para o quê, sabe-se. No mínimo, para que o ajudem a se reeleger de qualquer modo, por cima de pau e pedra, se necessário. No limite, para implantar um regime autoritário no país.

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Os generais Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Braga Neto, da Defesa, Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, estão carecas de saber disso. São homens experientes e relativamente cultos. Não se deixariam enganar. Se não abrem mão dos seus postos é porque concordam com o chefe.

Heleno parece ter mergulhado há meses, ou para sobreviver, ou por discordar de umas tantas coisas que testemunha. Ramos, depois de operar a rendição de Bolsonaro ao Centrão, foi deslocado a contragosto para a Casa Civil. Lá, o trabalho é duro e chato. Braga Neto aceitou a tarefa de decepar a cabeça de velhos colegas.

O ex-comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, deve estar pasmo com a pusilanimidade dessa turma que já foi a sua. Como ela se presta a tal papel? Como não reage à agressão sofrida pela instituição que diz tanto prezar? Por que se humilha diante de um ex-capitão rejeitado pelo Exército por conduta antiética?

Ao fim e ao cabo, o ex-capitão, presidente acidental, voltará à sua insignificância de onde não deveria ter saído. Não passará de uma trágica lembrança. Duro será suportá-lo pelos próximos 550 dias, caso seja derrotado no primeiro turno da eleição de 2022. Ou 578, se a agonia se estender até o segundo turno.

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